O que é dupla personalidade na Wikipedia?

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A psicoterapia trata a Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) identificando a origem e os traumas que geraram as personalidades fragmentadas. O objetivo é a integração gradual dessas identidades, um processo terapêutico que requer tempo e dedicação, guiando o paciente à uma compreensão e unificação de si mesmo.

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Além da Dupla Personalidade: Desvendando o Transtorno Dissociativo de Identidade

A ideia de “dupla personalidade”, popularizada pela cultura pop, muitas vezes evoca imagens de indivíduos com mudanças drásticas de comportamento, quase como um interruptor ligado e desligado. No entanto, essa representação simplificada distorce a complexidade do que a psicologia clínica reconhece como Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), anteriormente chamado de Transtorno de Personalidade Múltipla. É importante ir além desse estereótipo e compreender a natureza fragmentada e, muitas vezes, sofrida, da experiência do TDI.

O TDI não se trata de meramente “duas” personalidades distintas e bem definidas. Ele envolve a presença de duas ou mais identidades dissociativas – estados de personalidade distintos – que controlam o comportamento do indivíduo em momentos diferentes. Essas identidades, também chamadas de “alter egos” ou “partes”, podem variar significativamente em termos de idade, gênero, habilidades, memórias e até mesmo características físicas percebidas, como a voz ou a postura. A transição entre essas identidades pode ser repentina ou gradual, às vezes desencadeada por estresse ou gatilhos específicos.

A chave para entender o TDI está no conceito de dissociação. Trata-se de um mecanismo de defesa psicológico usado para lidar com traumas intensos, frequentemente vivenciados na infância, como abuso físico, sexual ou emocional grave e negligência. A dissociação permite que a criança se “desligue” da experiência traumática, criando compartimentos mentais para isolar as memórias, emoções e sensações insuportáveis. Essas partes dissociadas podem se desenvolver em identidades distintas, cada uma carregando fragmentos da experiência traumática e funcionando como uma forma de proteção psicológica.

A amnésia dissociativa é um sintoma comum do TDI. O indivíduo pode experimentar lacunas de memória significativas, não apenas em relação ao trauma original, mas também a eventos cotidianos, conversas e até mesmo aspectos de sua própria identidade. Essa amnésia não é uma escolha consciente, mas sim um reflexo da fragmentação da consciência.

A psicoterapia é o principal tratamento para o TDI. Diferentemente de uma simples “fusão” de personalidades, como frequentemente retratado na ficção, o objetivo terapêutico é a integração. Isso envolve um processo cuidadoso e gradual de exploração das diferentes identidades, identificação das memórias e emoções traumáticas associadas a cada uma delas, e o desenvolvimento de uma narrativa coesa e integrada do self. A integração não significa a eliminação das identidades, mas sim a harmonização delas, permitindo que o indivíduo acesse todas as suas memórias e experiências de forma unificada e funcional, recuperando o controle sobre sua vida e reduzindo o sofrimento associado à dissociação. Vale ressaltar que esse processo é complexo, requer tempo, dedicação e o acompanhamento de um profissional especializado em trauma e dissociação.