Fez-lo ou fê-lo?

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A forma fazê-lo e suas variações (fê-lo, fi-lo) são mais formais em português brasileiro. No dia a dia, a preferência é por construções mais simples e diretas, como ele faz isso ou eu fiz aquilo, substituindo a forma pronominal por uma frase completa e mais natural. O uso das formas contraídas é menos frequente na conversa informal.

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Fez-lo ou Fê-lo: Elegância em Desuso?

A língua portuguesa, em sua riqueza e complexidade, oferece-nos diversas maneiras de expressar a mesma ideia. Um exemplo disso é a possibilidade de usarmos formas verbais combinadas com pronomes oblíquos, como em “fazê-lo” ou “fê-lo”, em contraste com construções mais diretas, como “faz isso” ou “fiz aquilo”. Embora gramaticalmente corretas, as formas “fazê-lo”, “fê-lo” e a menos comum “fi-lo” carregam consigo uma aura de formalidade que as distancia da comunicação cotidiana do português brasileiro atual. Este artigo explora o porquê dessas formas, apesar de sua elegância intrínseca, serem frequentemente preteridas em favor de alternativas mais simples.

A preferência pela clareza e objetividade na comunicação moderna contribui significativamente para o declínio do uso dessas formas pronominais. Em um mundo acelerado, onde a concisão é valorizada, expressões como “ele fez isso” transmitem a mensagem de forma mais rápida e direta do que “ele fê-lo”. A simplicidade, nesse contexto, torna-se sinônimo de eficiência comunicativa.

Além disso, a própria sonoridade dessas formas pode soar artificial ou rebuscada em conversas informais. Imagine uma conversa entre amigos: “Você fê-lo?” soa estranha e desconectada da naturalidade da situação. A substituição por “Você fez isso?” torna a comunicação mais fluida e espontânea, refletindo a dinâmica da interação.

Outro fator que contribui para o desuso dessas construções é a possível ambiguidade que podem gerar. Embora o contexto geralmente esclareça o referente do pronome “lo”, em alguns casos, a frase pode se tornar menos clara do que a sua contraparte mais direta. A clareza, sendo um pilar da comunicação eficaz, impulsiona a preferência por construções que minimizem as chances de mal-entendidos.

Vale ressaltar que o uso de “fazê-lo”, “fê-lo” e “fi-lo” não é incorreto. Em contextos formais, como textos jurídicos, acadêmicos ou literários que buscam um registro mais elevado, essas formas podem ser empregadas para conferir um tom mais erudito e sofisticado à escrita. No entanto, no dia a dia do brasileiro, a tendência é optar pela simplicidade e clareza das construções com pronomes demonstrativos ou advérbios, como “isso” e “aquilo”.

Em suma, a língua é um organismo vivo em constante transformação, e o uso (ou desuso) de certas formas reflete as mudanças nos hábitos comunicativos de uma sociedade. “Fazê-lo” e “fê-lo”, embora representem construções gramaticalmente válidas, tornaram-se menos frequentes no português brasileiro contemporâneo, cedendo espaço à praticidade e à naturalidade das expressões mais diretas. A elegância dessas formas, contudo, permanece como um testemunho da riqueza e versatilidade do nosso idioma.