Como diferenciar 1, 2 e 3 pessoas?
Os pronomes pessoais distinguem as pessoas do discurso: eu e nós (1ª pessoa), tu e vós (2ª pessoa), e ele/ela, eles/elas (3ª pessoa).
A Distinção Sutil (e Nem Sempre Simples) entre as Pessoas do Discurso
A gramática portuguesa, como muitas outras, utiliza o conceito de “pessoas do discurso” para classificar os participantes de uma comunicação. Essa classificação, aparentemente simples, pode apresentar nuances e dificuldades, especialmente quando lidamos com a conjugação verbal e a concordância nominal. Este artigo visa esclarecer a distinção entre a 1ª, 2ª e 3ª pessoa, focando em pontos que frequentemente geram dúvidas.
1ª Pessoa: A Perspectiva do Emissor
A primeira pessoa representa o emissor da mensagem, aquele que fala ou escreve. Ela se divide em singular (eu) e plural (nós). Observe como a 1ª pessoa se manifesta em diferentes contextos:
- Eu: “Eu adoro viajar.” (Singular – foco na experiência individual do emissor)
- Nós: “Nós decidimos ir ao cinema.” (Plural – inclui o emissor e ao menos mais uma pessoa)
A inclusão ou exclusão de outros indivíduos em “nós” depende do contexto. Em “Nós, brasileiros,…” a inclusão é abrangente, enquanto em “Nós dois vamos à praia” a inclusão é mais restrita.
2ª Pessoa: A Perspectiva do Receptor
A segunda pessoa direciona-se ao receptor da mensagem, a quem se fala ou escreve. A língua portuguesa apresenta uma peculiaridade aqui: a distinção entre o singular (tu) e o plural (vós) está em declínio no Brasil, sendo o uso de “você” (tratamento de respeito, originalmente 3ª pessoa) dominante em quase todas as situações.
- Tu: (Usado principalmente em textos literários ou regiões específicas do Brasil) “Tu és amado.” (Singular – forma informal)
- Vós: (Arcaico, usado em textos literários ou contextos religiosos) “Vós sois escolhidos.” (Plural – forma informal)
- Você/Vocês: (Singular e plural respectivamente – forma predominante no Brasil) “Você está bem?” / “Vocês estão prontos?”
A utilização de “você” como forma de tratamento de singular, mesmo em conversas informais, obscurece a distinção clara entre a 2ª e a 3ª pessoa, exigindo atenção à concordância verbal e nominal.
3ª Pessoa: A Perspectiva Externa
A terceira pessoa se refere a quem ou aquilo sobre o qual se fala ou escreve, estando fora do ato comunicativo direto. Ela se subdivide em singular (ele/ela/o/a) e plural (eles/elas/os/as).
- Ele/Ela: “Ele é inteligente.” / “Ela é dedicada.” (Singular)
- Eles/Elas: “Eles estudaram muito.” / “Elas viajaram juntas.” (Plural)
A 3ª pessoa é crucial para a construção de narrativas, descrições e para se referir a indivíduos ou objetos sem a participação direta do emissor ou receptor.
Diferenças Práticas e Possíveis Confusões:
A principal dificuldade reside no uso indiscriminado de “você” no português brasileiro, o que pode levar à ambiguidade na identificação da pessoa do discurso. A concordância verbal, portanto, torna-se crucial para evitar erros. Note que, apesar do pronome “você” ser gramaticalmente de 3ª pessoa, a concordância verbal se dá como se fosse 2ª pessoa: “Você é importante”, e não “Você é importante”.
Em resumo, a distinção entre as pessoas do discurso exige atenção à forma pronominal e, principalmente, à concordância verbal e nominal, considerando as variações regionais e o uso predominante de “você” no português brasileiro. Entender esses aspectos é fundamental para uma comunicação clara e eficiente.
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