Como falar da oralidade de uma criança de 3 anos?

A fascinante jornada da linguagem: desvendando a oralidade da criança de 3 anos

A criança de três anos é um turbilhão de descobertas, e a linguagem, nesse período, se apresenta como um dos campos mais férteis dessa exploração. Observar a oralidade de uma criança nessa idade é como acompanhar o florescimento de uma planta, vendo brotar novas palavras, estruturas gramaticais e habilidades comunicativas a cada dia. Mas como descrever e analisar esse processo?

O vocabulário de um pequeno de três anos está em constante expansão. Ele já ultrapassou a fase das primeiras palavras isoladas e se aventura em frases cada vez mais elaboradas. Embora ainda longe da perfeição gramatical de um adulto, a estrutura básica da frase – sujeito, verbo e objeto – começa a se consolidar. Ouvir uma criança de três anos dizer O gato comeu o peixe é um marco importante desse desenvolvimento. A compreensão e a produção dessas estruturas sintáticas mais complexas refletem um salto cognitivo significativo.

Outro aspecto marcante da oralidade aos três anos são as perguntas incessantes, principalmente aquelas que começam com o famigerado porquê?. Essa curiosidade insaciável revela a busca ativa pela compreensão do mundo que a cerca. Cada porquê? é uma porta para um novo aprendizado, uma oportunidade para enriquecer o conhecimento e expandir o vocabulário. Responda às perguntas com paciência, detalhe e afeto; estimule a curiosidade sem jamais desvalorizar a pergunta.

As narrativas dessa fase ainda são simples e concretas, geralmente focadas em eventos vivenciados pela criança. Expectativas de narrativas complexas e elaboradas não são realistas; a criança relata o que vivenciou com detalhes que, para ela, são relevantes. Ela ainda não domina a arte de narrar eventos passados de forma elaborada, com sequência cronológica perfeita e riqueza de detalhes. Entretanto, a capacidade de relatar experiências, mesmo de forma fragmentada, é um indicador fundamental do desenvolvimento da linguagem.

A compreensão e o uso de conceitos temporais também começam a despontar nessa idade. Termos como ontem, hoje e amanhã entram no repertório linguístico, embora a sua utilização possa ser ainda imprecisa. A criança pode confundir os dias, mas a tentativa de utilizar esses marcadores temporais demonstra um avanço importante na organização do pensamento e na capacidade de construir uma linha do tempo mental.

A pronúncia, embora longe da perfeição adulta, torna-se mais inteligível. Ainda podem existir dificuldades com alguns fonemas, mas a comunicação se torna mais fluida e compreensível para aqueles que convivem com a criança. A capacidade de se fazer entender é um dos objetivos principais da linguagem, e sua conquista gradual proporciona uma sensação de grande satisfação para a criança.

Para estimular esse florescimento linguístico, é fundamental criar um ambiente rico em estímulos comunicativos. Converse bastante com a criança, leia histórias, cante cantigas e brinque de jogos que estimulem a linguagem. A interação social, os diálogos e a leitura compartilhada são ferramentas essenciais para enriquecer o vocabulário, aprimorar a gramática e desenvolver a habilidade narrativa.

Por fim, é importante estar atento a possíveis dificuldades. Se observar persistência de problemas de compreensão, fala ou articulação, procure um fonoaudiólogo. A intervenção precoce é fundamental para garantir o desenvolvimento adequado da linguagem e prevenir problemas futuros. Acompanhar a evolução da linguagem da criança de três anos é uma tarefa gratificante e repleta de descobertas, revelando a riqueza e a complexidade da aquisição da linguagem humana.