Como se classificam as palavras quanto à sua formação?

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As palavras em português se formam por derivação e composição. Na derivação, um radical recebe afixos (prefixos ou sufixos). Há também a derivação parassintética, que adiciona prefixo e sufixo simultaneamente. Outras formas são a regressiva e a imprópria. Já a composição une dois ou mais radicais, por justaposição (sem alteração) ou aglutinação (com alteração). Existem ainda hibridismos, reduções e neologismos.

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A Arquitetura das Palavras: Uma Exploração da Formação Lexical em Português

A riqueza da língua portuguesa se reflete, em grande parte, na diversidade de maneiras pelas quais novas palavras surgem e se incorporam ao léxico. A formação de palavras, ou derivação lexical, é um processo fascinante que revela a capacidade da linguagem de se adaptar e expandir. Compreender como as palavras se classificam quanto à sua formação é fundamental para uma análise linguística mais profunda e para o domínio da escrita e da leitura. Não se trata apenas de memorizar regras, mas de entender os mecanismos criativos que moldam o nosso vocabulário.

Tradicionalmente, a classificação da formação de palavras em português se concentra em dois grandes grupos: a derivação e a composição. No entanto, a realidade é mais complexa e abrange processos complementares que enriquecem essa classificação básica.

1. Derivação: Acrescentando Significados

A derivação envolve a criação de novas palavras a partir de um radical, adicionando-lhe afixos – elementos que se unem ao radical, alterando seu significado ou classe gramatical. Podemos identificar diversos tipos de derivação:

  • Derivação Prefixal: Adiciona-se um prefixo (elemento colocado antes do radical). Exemplos: infelizmente (prefixo “in-” + radical “felizmente”), desfazer (prefixo “des-” + radical “fazer”).
  • Derivação Sufixal: Adiciona-se um sufixo (elemento colocado após o radical). Exemplos: felizmente (radical “feliz” + sufixo “-mente”), amadurecer (radical “maduro” + sufixo “-ecer”).
  • Derivação Parassintética: Este processo é particularmente interessante, pois envolve a adição simultânea de um prefixo e um sufixo. A palavra só existe com ambos os afixos; a retirada de um deles resulta em uma palavra inexistente ou com significado diferente. Exemplos: esbranquiçar (prefixo “es-” + radical “branco” + sufixo “-iar”), empobrecer (prefixo “em-” + radical “pobre” + sufixo “-ecer”).
  • Derivação Regressiva: Consiste na formação de uma palavra a partir de outra, por redução. Geralmente, a palavra derivada é um substantivo formado a partir de um verbo. Exemplos: chuva (de “chover”), saída (de “sair”).
  • Derivação Imprópria: Nesse caso, a mudança de classe gramatical ocorre sem acréscimo de afixos. Uma palavra mantém sua forma original, mas passa a pertencer a uma classe gramatical diferente. Exemplo: “O rápido chegou” (adjetivo funcionando como substantivo).

2. Composição: Unindo Radicais

Na composição, duas ou mais palavras (radicais) se unem para formar uma nova palavra com um novo significado. As principais formas de composição são:

  • Justaposição: Os radicais se unem sem alterações fonéticas ou morfológicas. Exemplos: girassol, passatempo, couve-flor.
  • Aglutinação: Neste caso, há alterações fonéticas na junção dos radicais, podendo haver perda de fonemas ou alterações na pronúncia. Exemplos: planalto (plano + alto), pernalta (perna + alta).

3. Outros Processos de Formação de Palavras:

Além da derivação e da composição, outros mecanismos contribuem para o enriquecimento do léxico:

  • Hibridismo: Combinação de elementos de línguas diferentes. Exemplos: automóvel (grego + francês), televisão (grego + latim).
  • Redução: Abreviação de palavras ou expressões. Exemplos: moto (de motocicleta), foto (de fotografia), cine (de cinema).
  • Neologismos: Palavras novas criadas para designar novos conceitos ou objetos. Exemplos: internet, blog, selfie.

Em suma, a formação de palavras em português é um processo dinâmico e multifacetado, que demonstra a plasticidade da língua e sua capacidade de se adaptar às mudanças sociais e tecnológicas. A compreensão desses mecanismos enriquece a nossa capacidade de analisar a estrutura da língua e a própria evolução do seu léxico ao longo do tempo.