Como se escreve realizar-se á?

A sutileza do futuro: desvendando o “realizar-se-á”

A língua portuguesa, rica em nuances e peculiaridades, frequentemente nos apresenta desafios ortográficos. Um desses desafios, aparentemente simples, mas que gera dúvidas em muitos, é a correta grafia da expressão “realizar-se á”. A resposta, concisa, é: realizar-se-á. Mas compreender porquê essa é a forma correta vai além da simples memorização e nos permite aprofundar o entendimento da conjugação verbal.

A dificuldade em escrever corretamente “realizar-se á” reside na combinação de dois elementos: a conjugação do verbo “realizar” na terceira pessoa do singular do futuro do indicativo (“realizar-á”) e a partícula “se”, que indica a pronominalização do verbo, transformando-o em um verbo pronominal (“realizar-se”).

A pronúncia, muitas vezes, induz ao erro. A tendência natural é separar as sílabas de forma que pareça haver uma pausa entre “realizar-se” e “á”. No entanto, essa pausa não existe na escrita. O “se”, nesse caso, não é um pronome separado, mas sim um elemento integrante do verbo, intimamente ligado à sua conjugação. Por isso, a forma correta exige a crase, ligando o verbo à partícula “á” sem separação.

Observe que a crase, nesse contexto, não indica a contração da preposição “a” com o artigo feminino “a”. Sua função aqui é puramente gramatical, marcando a conjugação verbal no futuro do indicativo, sem a qual a frase ficaria sintaticamente incorreta e sem sentido.

Para entender melhor, comparemos com outras construções verbais semelhantes:

• Ele arrepender-se-á: Similar ao nosso caso, a partícula “se” está intrinsecamente ligada ao verbo e a crase é essencial para a correta conjugação no futuro do indicativo.
• Ela queixar-se-á: Mesma lógica: o verbo pronominal exige a ligação com o futuro do indicativo através da crase.

Em resumo, a correta escrita “realizar-se-á” demonstra a importância de conhecer a estrutura gramatical da língua portuguesa, indo além da simples memorização de regras. Compreender o funcionamento da conjugação verbal, a função da pronominalização e o papel da crase nesse contexto específico permite não apenas escrever corretamente, mas também entender o porquê dessa escrita, garantindo maior segurança e precisão na comunicação escrita. A sutileza da língua, por vezes, exige atenção a detalhes que, aparentemente pequenos, fazem toda a diferença.