Deve dizer se espanhol ou castelhano?

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Originalmente, castelhano refere-se à língua do Reino de Castela, na Idade Média, um período anterior à formação da Espanha como a conhecemos. O termo precede espanhol e está ligado à expansão do reino, que eventualmente contribuiu para a unificação territorial e o nascimento da nação espanhola. Assim, castelhano carrega uma conotação histórica específica.

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Espanhol ou Castelhano: Uma questão de história e identidade

A dúvida entre usar “espanhol” ou “castelhano” para se referir à língua de Cervantes é frequente, e a resposta, embora pareça simples, carrega nuances históricas e culturais importantes. Embora ambos os termos sejam amplamente utilizados e aceitos pela Real Academia Espanhola (RAE), a escolha de um ou outro pode revelar perspectivas distintas sobre a língua e sua evolução.

Originalmente, como bem apontado, “castelhano” designava o idioma falado no Reino de Castela durante a Idade Média, antes da consolidação da Espanha como nação. Esse reino, com sua força política e expansão territorial, exerceu um papel crucial na disseminação do idioma, que posteriormente se tornou a língua oficial da Espanha unificada. Portanto, o termo “castelhano” remete diretamente à origem geográfica e histórica da língua, carregando consigo a memória desse processo de formação nacional.

Já o termo “espanhol”, reflete a realidade política posterior à unificação, designando o idioma oficial do Estado espanhol. Sua adoção generalizada acompanhou o fortalecimento da identidade nacional espanhola e a projeção da língua no cenário internacional. Assim, “espanhol” assume uma conotação mais política e abrangente, representando a língua de um Estado-nação moderno.

A RAE reconhece a validade de ambos os termos, considerando-os sinônimos. No entanto, ressalta a pertinência do uso de “castelhano” em certos contextos. Especificamente, recomenda-se o uso de “castelhano” quando se deseja destacar a diferenciação entre o idioma oficial da Espanha e as demais línguas co-oficiais faladas em diferentes regiões do país, como o catalão, o galego e o basco. Nesse sentido, “castelhano” ajuda a evitar a ambiguidade e a reconhecer a pluralidade linguística existente dentro do território espanhol.

Além disso, em países da América Latina, onde a história colonial espanhola deixou marcas profundas, o uso de “castelhano” pode ser percebido como uma forma de reconhecimento das influências linguísticas e culturais de outras regiões da Espanha, para além de Castela, e inclusive de substratos indígenas, que contribuíram para a formação das variedades do espanhol faladas no continente. Nesses casos, “castelhano” pode representar uma visão mais inclusiva e menos eurocêntrica da língua.

Em resumo, a escolha entre “espanhol” e “castelhano” não é uma questão de certo ou errado, mas sim de contexto e perspectiva. Ambos são termos válidos, mas carregam conotações distintas que refletem a rica e complexa história da língua. Reconhecer essas nuances contribui para uma compreensão mais profunda da diversidade linguística e cultural do mundo hispânico.