É certo usar como por exemplo?

“Como, por exemplo”: Uma análise da construção e sua adequação

A expressão “como, por exemplo” é bastante comum na língua portuguesa, mas sua utilização nem sempre é impecável. Apesar de amplamente aceita, a construção suscita questionamentos sobre sua elegância e precisão em certos contextos. Este artigo busca analisar a adequação dessa locução, explorando sua função e oferecendo alternativas para um uso mais refinado.

O principal objetivo da expressão “como, por exemplo” é introduzir exemplos ilustrativos dentro de uma afirmação mais ampla. Ela funciona como um articulador textual, sinalizando para o leitor que os itens a seguir são apenas alguns exemplos dentre vários outros possíveis. Seu papel é, portanto, esclarecedor e exemplificativo, evitando a generalização excessiva.

O exemplo fornecido – “Reconhecer problemas como tempo de casa e hora trabalhada, por exemplo” – demonstra essa função. A frase não afirma que apenas tempo em casa e hora trabalhada são problemas, mas sim que estes são exemplos de problemas a serem considerados. A inclusão de “por exemplo” mitiga a possibilidade de interpretação restritiva.

No entanto, a repetição da ideia de exemplificação (“como” e “por exemplo”) pode soar redundante para alguns. A sobreposição semântica cria uma certa informalidade e, em textos formais, pode ser considerada estilisticamente menos elegante. A redundância, nesse caso, não compromete a compreensão, mas prejudica a fluidez e a concisão da escrita.

Existem alternativas mais concisas e elegantes para expressar a mesma ideia. A escolha dependerá do contexto e do nível de formalidade desejado. Algumas opções incluem:

• Utilizando apenas “como”: Em muitos casos, o “como” sozinho já cumpre a função de introduzir exemplos. Exemplo: “Reconhecer problemas como tempo em casa e hora trabalhada.” A omissão de “por exemplo” torna a frase mais direta e objetiva.

• Utilizando apenas “por exemplo”: Se a frase já estabeleceu claramente o tipo de exemplo que será apresentado, a utilização apenas de “por exemplo” pode ser suficiente.

• Utilizando outras expressões equivalentes: Expressões como “tais como”, “a saber”, “dentre outros”, “incluindo”, etc., podem substituir a locução “como, por exemplo”, oferecendo variação e refinamento à escrita. Exemplo: “Reconhecer problemas, tais como tempo em casa e hora trabalhada.”

Em resumo, o uso de “como, por exemplo” é aceitável e compreensível, mas não é a única, nem sempre a melhor opção. A redundância inerente à construção exige uma avaliação cuidadosa do contexto. Priorizar a clareza, a concisão e a elegância estilística deve sempre guiar a escolha do articulador textual mais apropriado. A busca por alternativas mais sofisticadas enriquece a escrita e demonstra maior domínio da língua.