O que defende a teoria cognitiva de Piaget?

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A teoria cognitiva de Piaget descreve o desenvolvimento mental, não a aprendizagem em si. Embora não se centre na aprendizagem, aborda o aumento do conhecimento através da acomodação dos esquemas de assimilação. O desenvolvimento cognitivo, para Piaget, ocorre por meio dessa constante adaptação.

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A Construção do Conhecimento: Desvendando a Teoria Cognitiva de Piaget

A Teoria Cognitiva de Jean Piaget, um marco no estudo do desenvolvimento infantil, busca desvendar os processos mentais subjacentes à construção do conhecimento, diferenciando-se de teorias focadas na aprendizagem em si. Enquanto estas últimas se preocupam com a aquisição de informações específicas, Piaget concentra-se na evolução das estruturas cognitivas que possibilitam a aprendizagem, ou seja, como a criança aprende, e não o que ela aprende. Sua teoria descreve a jornada do pensamento infantil, desde as reações sensoriais do bebê até o raciocínio abstrato do adolescente, enfatizando a interação ativa da criança com o ambiente como motor desse desenvolvimento.

Piaget argumenta que o desenvolvimento cognitivo não é um mero acúmulo de informações, mas uma transformação qualitativa das estruturas mentais, que ele denominou esquemas. Esses esquemas são como “moldes” mentais que a criança utiliza para interpretar o mundo. Inicialmente, são ações reflexas, como sugar e agarrar. Com o tempo, evoluem para representações mentais mais complexas, permitindo à criança manipular símbolos, formular hipóteses e pensar abstratamente.

O cerne da teoria piagetiana reside no processo de equilibração, a busca constante por um equilíbrio entre os esquemas existentes e as novas informações provenientes do ambiente. Essa equilibração ocorre por meio de dois mecanismos complementares: a assimilação e a acomodação.

A assimilação acontece quando a criança incorpora novas informações aos esquemas preexistentes. Por exemplo, uma criança que possui o esquema de “chupável” pode tentar chupar um novo brinquedo. Ela está assimilando o brinquedo ao seu esquema existente.

No entanto, nem sempre as novas informações se encaixam perfeitamente nos esquemas atuais. Quando isso ocorre, entra em ação a acomodação, que consiste na modificação dos esquemas para incorporar as novas experiências. No exemplo anterior, se o brinquedo for muito grande ou duro, a criança precisará ajustar seu esquema de “chupável” para diferenciá-lo de outros objetos que não podem ser chupados.

É justamente essa constante interação entre assimilação e acomodação, impulsionada pela busca do equilíbrio cognitivo, que promove o desenvolvimento mental. A criança não é um receptor passivo de informações, mas um agente ativo na construção do seu próprio conhecimento, explorando, experimentando e adaptando seus esquemas à realidade.

Portanto, a teoria de Piaget não se limita a descrever os estágios do desenvolvimento cognitivo, mas oferece uma explicação profunda sobre os mecanismos que impulsionam esse desenvolvimento, destacando o papel da interação da criança com o ambiente na construção do seu conhecimento. Compreender esses mecanismos é fundamental para criar estratégias educacionais que respeitem o ritmo e as particularidades de cada fase do desenvolvimento, promovendo uma aprendizagem significativa e duradoura.