O que é afala?

Afalar: A Arte de Conversar com Animais de Trabalho

A palavra “afalar”, embora pouco comum no português contemporâneo, carrega um significado encantador e profundamente ligado à relação histórica entre humanos e animais de trabalho. Não se trata de uma conversa propriamente dita, no sentido de uma troca recíproca de informações complexas, mas sim de uma forma específica de comunicação verbal direcionada a animais, visando sua orientação e incentivo durante o trabalho.

Imagine o pastor conduzindo seu rebanho com palavras suaves e firmes, guiando as ovelhas com comandos precisos, ou o tropeiro incentivando suas mulas a enfrentar uma subida íngreme com entoações ritmadas. Essas são expressões do ato de “afalar”. Não se trata apenas de gritar ou ordenar; é uma comunicação carregada de nuances vocais, de entonações e ritmo que o animal, pela experiência e aprendizado, reconhece e interpreta como sinais para agir.

A eficácia do afalar se baseia em uma profunda compreensão da linguagem corporal e das reações do animal. O tom de voz, o volume, a repetição de palavras e até mesmo o timbre vocal são elementos cruciais que moldam a mensagem e influenciam a resposta do animal. Um comando dado com severidade terá um impacto diferente de um estímulo emitido com afeto e encorajamento.

Ao longo da história, o afalar esteve intrinsecamente ligado ao trabalho rural e ao convívio com animais de tração e carga, como bois, cavalos, burros e mulas. Era uma ferramenta fundamental para a coordenação de tarefas, o controle do ritmo de trabalho e, não menos importante, para a construção de um laço de confiança e compreensão entre o humano e o animal. Através do afalar, o trabalhador não apenas dirigia o animal, mas também estabelecia uma forma rudimentar de diálogo, transmitindo não só instruções, mas também emoções e intenções.

A prática do afalar, embora menos presente em nossa realidade urbana e tecnificada, permanece como um testemunho da rica interação entre o homem e a natureza, lembrando-nos de uma forma de comunicação que transcende a linguagem articulada, baseada na observação atenta, na sensibilidade e na construção de uma relação respeitosa e produtiva com os animais. É um legado que merece ser lembrado e apreciado como parte da nossa história e cultura.