O que é exemplo de oralidade?

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Marcas de oralidade em textos escritos incluem gírias, abreviações, expressões informais e coloquiais, além de eventuais desvios da norma padrão. Esses traços, muitas vezes intencionais em gêneros como crônicas e literatura, conferem naturalidade e dinamismo aos diálogos, aproximando-os da fala espontânea.

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A Oralidade na Ponta dos Dedos: Mais que Erros, Marcas de Expressão

A escrita, por mais que se esforce, nunca será uma transcrição fiel da fala. E ainda bem! A riqueza da comunicação humana reside justamente nessa dança entre o formal e o informal, o planejado e o espontâneo. Quando falamos de oralidade em textos escritos, não estamos simplesmente listando desvios gramaticais. Estamos falando de uma estratégia, uma escolha estilística que injeta vida e personalidade na linguagem. É a oralidade que permite à escrita respirar, soar mais próxima, mais humana.

Mas o que, de fato, caracteriza essa presença da fala no texto? As marcas de oralidade são como pegadas da conversação impressas na página. Elas vão muito além das gírias e abreviações, embora estas sejam exemplos bastante claros. Pense, por exemplo, nas interjeições (“Nossa!”, “Puxa!”, “Eita!”), nas repetições e hesitações que simulam o fluxo da fala (“tipo assim…”, “né?”, “sabe?”), e nas expressões regionais que colorem a linguagem com a identidade de um lugar (“bah!”, “uai!”, “oxe!”).

Imagine um personagem de um romance que diga: “Aí, meu, fiquei bolado com aquela parada”. A linguagem dele, carregada de gírias e expressões informais, instantaneamente constrói uma imagem na nossa mente. Já um personagem que declare: “Fiquei perplexo com aquela situação”, transmite uma impressão completamente diferente. A oralidade, portanto, é uma ferramenta poderosa para a construção de personagens e atmosferas.

Além disso, a oralidade também se manifesta na sintaxe. Frases curtas, fragmentadas, com estruturas menos elaboradas, espelham a agilidade e a espontaneidade da fala. A presença de repetições e a preferência pela coordenação em detrimento da subordinação também são traços comuns.

É importante ressaltar que a presença da oralidade na escrita não significa descuido com a norma padrão. Pelo contrário, o uso consciente e estratégico desses recursos demonstra domínio da linguagem e habilidade em manipulá-la para alcançar determinados efeitos. Em crônicas, contos, romances, peças teatrais e até mesmo em alguns tipos de poesia, a oralidade é fundamental para criar verossimilhança, humor, dramaticidade e aproximar o leitor da obra.

Portanto, as marcas de oralidade não são meros “erros” ou descuidos gramaticais. São pinceladas que dão cor e vida à escrita, aproximando-a do ritmo e da expressividade da fala. São a voz humana ecoando na página, convidando o leitor a participar de uma conversa, a mergulhar em um universo mais próximo, mais palpável, mais real.