O que é uma composição em língua portuguesa?

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A composição, na língua portuguesa, une duas ou mais palavras (ou radicais) para criar uma nova com significado próprio, como beija-flor, formada por beija e flor. Essa junção gera vocábulos compostos, expandindo o léxico.

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A Arte da Composição: Criando Novos Significados na Língua Portuguesa

A língua portuguesa, rica e dinâmica, possui uma capacidade notável de expandir seu vocabulário através da composição de palavras. Diferentemente de processos como a derivação (acrescentar afixos a uma palavra base) ou a onomatopeia (criação de palavras imitando sons), a composição une duas ou mais palavras (ou radicais – partes significativas de palavras) para formar um novo vocábulo, com um significado próprio e muitas vezes independente dos significados das palavras que o compõem. É uma espécie de construção lexical que demonstra a flexibilidade e a criatividade inerentes ao idioma.

Imagine a palavra “girassol”. Individualmente, “gira” sugere movimento e “sol” representa a estrela central do nosso sistema solar. Ao unirmos esses dois elementos, criamos “girassol”, que designa uma flor que acompanha o movimento do sol. O significado não é simplesmente a soma dos significados das partes, mas um novo conceito, único e conciso. Essa capacidade de criar palavras novas a partir de palavras já existentes é o que define a composição.

Existem diferentes tipos de composição, classificados principalmente pela forma como as palavras são unidas:

  • Composição por justaposição: As palavras são unidas diretamente, sem alteração em sua forma original, frequentemente ligadas por hífen. Exemplos: beija-flor, guarda-chuva, passatempo. Note que, com o tempo, o hífen pode ser omitido em alguns casos, como em “pontapé”.

  • Composição por aglutinação: Neste caso, há uma fusão mais profunda, com perda ou modificação fonética de parte das palavras originais. Exemplos: planalto (plano + alto), embora (em + boa + hora – evolutivamente), vinagre (vinho + agre). A aglutinação demonstra um processo evolutivo da língua, onde a composição se integra mais profundamente na estrutura lexical.

  • Composição prefixal e sufixal: A composição pode combinar-se com outros processos de formação de palavras. Podemos ter a união de um prefixo a um vocábulo composto, como em “des-água-viva”. Da mesma forma, um sufixo pode ser adicionado a um composto, como em “portarretrato-zinho”.

A composição não se limita a substantivos. Ela pode também gerar adjetivos, verbos e advérbios, ampliando ainda mais a riqueza e expressividade da língua portuguesa. Exemplos: “azul-marinho” (adjetivo), “pôr-do-sol” (substantivo), “mal-humorado” (adjetivo), “bem-aventurado” (adjetivo).

Compreender a composição como processo de formação de palavras é fundamental para a compreensão da língua portuguesa em sua totalidade. Ela demonstra a vitalidade do idioma, sua capacidade de adaptação e inovação, refletindo a constante evolução da linguagem e sua capacidade de expressar nuances sutis e novas realidades. Ao observarmos a composição em ação, percebemos a elegância e a eficiência com que a língua portuguesa se reinventa a si mesma.