O que são derivações irregulares?

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Derivações irregulares são palavras formadas por abreviações de vocábulos longos ou de difícil pronúncia. Diferentemente das derivações regulares, elas resultam de uma redução intencional, como em pneu (pneumático), moto (motocicleta) e fã (fanático), onde parte da palavra original é omitida.

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O que são derivações irregulares?

Ao contrário do que aparentam, palavras como “foto”, “cine” ou “micro” não são apenas versões encurtadas e informais de “fotografia”, “cinema” e “microcomputador”. Elas representam um fenômeno linguístico chamado derivação irregular, também conhecido como abreviação ou redução. Esse processo consiste na formação de novas palavras a partir da supressão de parte de um vocábulo preexistente, geralmente longo, de difícil pronúncia ou comumente usado. Diferentemente das derivações regulares, que seguem padrões previsíveis com prefixos e sufixos, as irregulares se baseiam em um “corte” na palavra original, resultando em uma forma mais curta e ágil, muitas vezes consagrada pelo uso.

Vale ressaltar que essa redução não é aleatória. Normalmente, a parte da palavra que carrega a ideia central ou mais relevante é preservada, enquanto sílabas ou fonemas considerados menos essenciais são eliminados. Pense em “pneu” (de pneumático): a ideia de um dispositivo inflável para veículos é mantida, mesmo com a supressão de “pneuma” e “tico”. O mesmo ocorre com “moto” (motocicleta), onde a essência do veículo de duas rodas é preservada.

É importante diferenciar a derivação irregular de outros processos de formação de palavras, como a sigla (formada pelas iniciais de uma expressão, como IBGE) e a abreviatura (representação gráfica reduzida de uma palavra, como Av. para Avenida). Enquanto siglas e abreviaturas são representações compactas, as derivações irregulares criam novas palavras, com autonomia lexical e significado próprio, integrantes do vocabulário da língua.

A derivação irregular é um processo dinâmico e frequente, especialmente em contextos informais e na linguagem coloquial. Reflete a tendência natural da língua para a economia e a simplificação, adaptando-se às necessidades comunicativas dos falantes. Palavras como “vídeo” (videocassete/videoteipe), “metrô” (metropolitano) e “net” (internet) demonstram como essa redução pode se consolidar e se tornar parte integrante do léxico, perdendo, por vezes, a consciência de sua origem abreviada.

Por fim, é interessante notar que, embora a derivação irregular seja frequentemente associada à informalidade, algumas palavras originadas desse processo alcançam plena aceitação na norma culta, consolidando-se como formas legítimas e amplamente utilizadas em diferentes contextos comunicativos. O reconhecimento e a compreensão desse mecanismo de formação de palavras contribuem para uma percepção mais completa e aprofundada da riqueza e da dinamicidade da língua portuguesa.