O que são desvios morfossintáticos?

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Resposta. Desvios morfossintáticos são erros na estrutura da frase, decorrentes de problemas na formação das palavras (morfologia) e na organização das palavras na frase (sintaxe). Envolvem a relação entre a forma das palavras e sua função na sentença, resultando em construções gramaticais incorretas.

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Desvios Morfossintáticos: Quando a Língua Se Desvia do Caminho

A língua portuguesa, como qualquer idioma, possui regras que regem a formação das palavras (morfologia) e a organização dessas palavras em frases (sintaxe). Quando essas regras são transgredidas, ocorrem os desvios morfossintáticos, também conhecidos como erros gramaticais que afetam a estrutura da frase. Não se trata apenas de um erro de ortografia; a incorreção reside na própria arquitetura da sentença, comprometendo sua clareza e, muitas vezes, seu sentido.

Diferentemente de desvios de concordância (verbal ou nominal), que focam na relação entre palavras específicas, os desvios morfossintáticos abrangem uma gama mais ampla de problemas estruturais. Eles resultam de uma interação falha entre a forma das palavras (sua estrutura interna, seus afixos, etc.) e a função que elas desempenham dentro da estrutura frasal. Essa interação problemática pode manifestar-se de diversas formas:

  • Problemas de concordância mais complexos: Enquanto a concordância simples (sujeito-verbo) é frequentemente tratada separadamente, casos de concordância mais complexos, envolvendo orações subordinadas, pronomes relativos e adjuntos adverbiais, podem ser considerados desvios morfossintáticos quando a relação entre os elementos não é estabelecida corretamente e prejudica a clareza. Exemplo: “A maioria dos alunos foram aprovados.” (o correto seria “A maioria dos alunos foi aprovada”). Aqui, a complexidade da concordância com o núcleo “maioria” (singular) gera a incorreção.

  • Uso inadequado de tempos e modos verbais: A escolha incorreta do tempo ou modo verbal pode criar ambiguidade ou incoerência temporal na frase, resultando em um desvio morfossintático. Exemplo: “Se eu iria ao cinema, teria visto o filme.” (o correto seria “Se eu fosse ao cinema, teria visto o filme”). A mistura inadequada dos tempos verbais prejudica a correlação entre as ações.

  • Problemas de regência verbal e nominal: A regência trata da relação entre uma palavra e seus complementos. Desvios ocorrem quando essa relação não respeita as normas gramaticais, gerando frases ambíguas ou incorretas. Exemplo: “Assisti o filme.” (o correto seria “Assisti ao filme”). A preposição “a” é necessária para a correta regência do verbo “assistir”.

  • Construções frasais malformadas: A própria organização da frase pode estar incorreta, gerando ambiguidade ou impossibilidade de interpretação. Exemplo: “O gato preto viu o rato correndo pelo telhado assustado.” A ambiguidade reside em qual elemento está assustado: o gato ou o rato? Uma reformulação é necessária para clareza.

Em resumo, os desvios morfossintáticos representam um conjunto de erros que vão além de simples deslizes de concordância, atingindo a estrutura fundamental da frase. Sua identificação e correção são cruciais para a produção de textos claros, precisos e gramaticalmente corretos. O domínio da morfologia e da sintaxe, portanto, é essencial para evitar esses desvios e garantir a eficácia da comunicação escrita e falada.