O que são formas passivas?

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Na voz ativa, o sujeito da frase executa a ação. Já na voz passiva, o sujeito gramatical recebe ou sofre a ação expressa pelo verbo. Simplificando, a diferença crucial reside em quem está fazendo o quê. A frase ativa mostra o agente em ação, enquanto a passiva destaca o objeto que está sendo afetado.

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Desvendando a Voz Passiva: Mais do que um Simples “Ser + Particípio”

A gramática da língua portuguesa, rica em nuances, apresenta construções que, embora possam parecer complexas à primeira vista, são essenciais para a expressividade e clareza textual. Uma dessas construções é a voz passiva, frequentemente confundida com uma mera inversão da voz ativa, mas que, na verdade, carrega consigo uma função semântica e estilística particular.

Enquanto na voz ativa, o sujeito desempenha a ação verbal (sujeito agente), na voz passiva, o sujeito recebe a ação verbal (sujeito paciente). A ação, portanto, não é originada pelo sujeito, mas sim por um agente que pode ou não ser explicitado na frase. Essa mudança de foco altera significativamente a ênfase da sentença.

Tomemos como exemplo a frase: “O padeiro assou o pão.” Aqui, temos a voz ativa: o sujeito (“o padeiro”) executa a ação (“assou”). Na voz passiva, a ênfase muda: “O pão foi assado pelo padeiro.” O sujeito (“o pão”) agora recebe a ação, enquanto o agente (“pelo padeiro”) pode ser mencionado ou omitido, resultando em: “O pão foi assado.”

A formação da voz passiva em português se dá, principalmente, pela combinação do verbo auxiliar “ser” (ou “estar”, em alguns casos, indicando continuidade da ação) conjugado no mesmo tempo e modo do verbo principal, mais o particípio passado deste último. Porém, essa construção não se limita apenas a essa fórmula. A sutileza da voz passiva reside na capacidade de se adaptar ao contexto, utilizando diferentes recursos para expressar a passividade.

Tipos de Voz Passiva:

  • Passiva Analítica: É a forma mais comum, utilizando o verbo auxiliar “ser” ou “estar” + particípio. Exemplo: “A carta foi escrita por ele.”
  • Passiva Sintética (ou Pronominal): Utiliza-se um pronome apassivador (“se”) como sujeito indeterminado, seguido do verbo na terceira pessoa do singular ou plural. Exemplo: “Assa-se o pão.” (Aqui, o agente é desconhecido ou irrelevante). Importante notar que, nesse caso, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito paciente (o pão, no caso). É crucial diferenciar a passiva sintética da indeterminação do sujeito com o “se”.
  • Voz Passiva com “mandar”, “deixar”, “fazer” e afins: Esses verbos, quando seguidos de infinitivo, podem também expressar a voz passiva. Exemplo: “Mandaram-no prender.”

A Escolha entre Voz Ativa e Passiva:

A opção por uma ou outra voz depende do efeito que se pretende alcançar. A voz ativa geralmente é mais direta e dinâmica, enquanto a voz passiva, ao desviar o foco do agente, confere um tom mais formal, objetivo ou impessoal, ideal para textos científicos, jornalísticos ou administrativos. Em alguns casos, a omissão do agente na voz passiva serve para evitar a atribuição de responsabilidade ou para manter o foco no acontecimento em si.

Em resumo, a voz passiva, longe de ser uma mera transformação gramatical, é uma ferramenta estilística poderosa que amplia as possibilidades expressivas da língua portuguesa, permitindo ao escritor controlar a ênfase e o foco de sua mensagem de forma precisa e eficiente. Compreender suas nuances é fundamental para uma escrita mais elaborada e eficaz.