Por que o surdo tem mais dificuldade para aprender a Língua Portuguesa?

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A dificuldade dos surdos em aprender português, segundo Avelar e Freitas (2016) e Fernandes (2009), reside em metodologias inadequadas. A Libras, sua primeira língua (L1), não é considerada no processo de ensino, criando uma barreira para a aquisição da língua portuguesa.

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Por que o surdo tem mais dificuldade para aprender a Língua Portuguesa?

A aquisição de uma segunda língua, especialmente para indivíduos surdos, apresenta desafios específicos que vão além da simples diferença auditiva. Enquanto a dificuldade em aprender a língua portuguesa por pessoas surdas é frequentemente atribuída a fatores como falta de acesso à educação bilíngue, barreiras metodológicas e preconceitos, a realidade é mais complexa do que uma simples deficiência sensorial. A chave para superar essas dificuldades reside na compreensão das nuances da aprendizagem, considerando a língua materna (Libras) e a diversidade de estilos cognitivos presentes na comunidade surda.

A afirmação de Avelar e Freitas (2016) e Fernandes (2009), de que metodologias inadequadas são a principal causa da dificuldade, toca em um ponto crucial. O fato de a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a língua materna dos surdos, não ser considerada no processo de ensino cria uma barreira significativa. Aprender português como segunda língua exige a internalização de regras gramaticais, estruturas sintáticas e vocabulário distintos, o que se torna ainda mais desafiador quando a língua materna é negligenciada. A Libras, com sua estrutura gramatical e lógica própria, funciona como um sistema de representação cognitiva diferente, influenciando a forma como o surdo processa informações e constrói o conhecimento.

Além disso, a metodologia educacional frequentemente empregada não leva em conta as necessidades específicas dos surdos. A ênfase na comunicação oral, sem considerar as diferentes formas de expressão e aprendizagem dos surdos, pode ser frustrante e desestimulante. Métodos que utilizam a língua de sinais como ferramenta auxiliar, integrando-a ao aprendizado do português, demonstram maior eficiência, promovendo uma aquisição mais significativa e autêntica. As práticas inclusivas que valorizam a identidade surda e utilizam a Libras como ferramenta de ensino, possibilitam uma compreensão mais profunda da estrutura linguística e do significado dos conceitos.

É importante ressaltar que a dificuldade não se resume apenas à metodologia. A forma como a linguagem é estruturada e processada varia entre indivíduos, mesmo dentro da comunidade surda. A diversidade de experiências e estilos de aprendizagem precisa ser reconhecida e considerada. Há uma grande variação na forma como surdos utilizam a Libras, o que pode influenciar suas estratégias para aprender o português.

Concluindo, a dificuldade dos surdos em aprender português não é intrinsecamente ligada à surdez em si, mas sim a um conjunto de fatores interconectados, principalmente a falta de uma metodologia eficaz e inclusiva que reconheça a importância da Libras. A superação desses obstáculos passa pela construção de um ambiente de aprendizagem que considere a Libras como um componente fundamental, promovendo a integração e respeitando as diferenças individuais dos surdos. A educação bilíngue, em que Libras e Português são considerados como línguas de igual valor, é crucial para a superação dessas dificuldades e para a plena inclusão social dos surdos.