Quais são as fases de desenvolvimento de Freud?

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O desenvolvimento psicossexual, segundo Freud, percorre cinco fases: oral, caracterizada pela busca de prazer na boca; anal, focada no controle esfincteriano; fálica, com o complexo de Édipo; latente, de repressão sexual; e genital, com o amadurecimento sexual e a busca de relações adultas.

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Além da Boca e do Pipi: Um Olhar Mais Profundo nas Fases Psicossexuais de Freud

A teoria do desenvolvimento psicossexual de Sigmund Freud, embora controversa e amplamente revisada ao longo do tempo, permanece um marco fundamental na psicologia. A ideia de que a personalidade se estrutura em etapas precoces da vida, fortemente influenciadas pela busca do prazer, continua a gerar debates e a inspirar novas pesquisas. Mas, além da simplificação comum – oral, anal, fálica, latência e genital – é crucial aprofundar a compreensão dessas fases para perceber sua complexidade e nuances.

A simplificação frequentemente encontrada reduz a teoria freudiana a uma mera sequência de zonas erógenas. No entanto, Freud descreveu um processo muito mais rico e interligado, onde cada fase representa não apenas uma zona de prazer predominante, mas também um conjunto de desafios psicológicos e sociais que moldam a psique.

1. Fase Oral (0-18 meses): Aqui, a boca é a principal fonte de prazer. A satisfação das necessidades orais, como sucção e alimentação, é fundamental para o desenvolvimento da confiança básica. A fixação nessa fase, causada por privação ou superestimulação, pode levar a traços de personalidade como dependência, passividade, ou, em contrapartida, agressividade e sarcasmo na vida adulta. Não se trata apenas da alimentação, mas da forma como a criança é acolhida e atendida em suas necessidades, estabelecendo os primeiros laços de afeto.

2. Fase Anal (18-36 meses): Com o desenvolvimento motor, o controle dos esfíncteres se torna crucial. A fase anal é marcada pelo aprendizado do controle dos excrementos, envolvendo questões de obediência, autonomia e limites. A rigidez ou a permissividade excessiva na educação nesse período podem levar a diferentes fixações. Um controle excessivo pode resultar em características como teimosia, ordem excessiva e parcimônia, enquanto a permissividade pode gerar desordem, impulsividade e generosidade extrema. A experiência de controle, ou a falta dele, é crucial para o desenvolvimento do ego.

3. Fase Fálica (3-6 anos): Esta fase é a mais controversa e complexa, centralizada no desenvolvimento da sexualidade infantil e no Complexo de Édipo (ou Complexo de Electra, para as meninas). A criança desenvolve atração pelo progenitor do sexo oposto e rivalidade com o do mesmo sexo. A resolução saudável dessa fase envolve a identificação com o progenitor do mesmo sexo e a internalização de suas normas e valores. Fixações nessa fase podem resultar em problemas de identidade sexual, dificuldades com a autoridade e relações interpessoais conflituosas. É importante ressaltar que Freud não se referia a um desejo sexual adulto, mas sim a uma energia psíquica que se manifesta através da exploração do próprio corpo e da curiosidade sobre a sexualidade.

4. Fase de Latência (6 anos – puberdade): Caracterizada por uma relativa repressão dos impulsos sexuais, a fase de latência foca no desenvolvimento social e intelectual. A energia libidinal é sublimada, canalizada para atividades como estudos, amizades e jogos. É um período de relativa calma antes da tempestade hormonal da puberdade.

5. Fase Genital (puberdade em diante): Com o amadurecimento sexual, a libido retorna com força e é direcionada para relações adultas. A capacidade de estabelecer relacionamentos amorosos maduros e produtivos é o marco dessa fase. A resolução bem-sucedida das fases anteriores contribui para uma vida adulta equilibrada, enquanto fixações podem levar a dificuldades em lidar com a intimidade e a sexualidade adulta.

Em conclusão, a teoria psicossexual de Freud é muito mais complexa do que a sua simplificação comum permite. Compreender as nuances de cada fase, os desafios psicológicos envolvidos e a interdependência entre elas é fundamental para uma apreciação completa da sua contribuição para a psicologia. Embora suas ideias devam ser analisadas criticamente à luz dos conhecimentos atuais, a sua influência na compreensão do desenvolvimento humano permanece inegável.