Quais são as palavras sobrecomuns?

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Substantivos sobrecomuns designam seres de ambos os sexos sem distinção gramatical de gênero. Sua flexão permanece invariável, independente do referente ser masculino ou feminino. Exemplos incluem a pessoa, a criança, o indivíduo e a testemunha, que podem se referir a homens ou mulheres sem alteração de forma.

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Além do Masculino e Feminino: Desvendando os Substantivos Sobrecomuns

A língua portuguesa, rica em suas nuances, apresenta diversas classes gramaticais que refletem a complexidade da comunicação humana. Entre elas, destacam-se os substantivos, palavras que nomeiam seres, objetos, lugares, ideias, etc. Dentro da categoria dos substantivos, encontramos uma peculiaridade: os substantivos sobrecomuns. Mas o que os diferencia dos substantivos comuns de dois gêneros? A resposta reside na ausência de marcação gramatical de gênero.

Diferentemente dos substantivos comuns de dois gêneros (como “estudante” e “artista”, que variam em gênero) ou dos substantivos biformes (com formas distintas para masculino e feminino, como “gato” e “gata”), os substantivos sobrecomuns designam seres de ambos os sexos sem distinção gramatical. Sua forma permanece inalterada, independente de se referirem a um homem ou a uma mulher. Essa característica os torna únicos no sistema gramatical da língua portuguesa.

Exemplificando a neutralidade de gênero:

Tomemos como exemplos alguns substantivos sobrecomuns frequentemente utilizados:

  • A criança: Pode se referir tanto a um menino quanto a uma menina. “A criança brincava no parque.” Não há alteração na palavra mesmo mudando o sexo da criança.
  • A pessoa: Indica um ser humano, sem distinção de gênero. “A pessoa responsável pelo projeto apresentou os resultados.”
  • O indivíduo: Similar à “pessoa”, designa um ser humano, sem especificar o sexo. “O indivíduo foi identificado pelas autoridades.”
  • A testemunha: Refere-se a alguém que presencia um evento, independentemente do gênero. “A testemunha prestou depoimento no tribunal.”
  • A vítima: Se refere a quem sofreu algum dano ou prejuízo, sem especificação de gênero. “A vítima recebeu atendimento médico.”

A importância da contextualização:

Embora a forma dos substantivos sobrecomuns seja invariável, o contexto da frase é fundamental para a compreensão do gênero do referente. Sem o contexto, a informação sobre o sexo fica ambígua. Por exemplo, a frase “A criança chorou” não indica o sexo da criança; essa informação só pode ser deduzida por outras informações da frase ou contexto mais amplo.

Substantivos sobrecomuns x substantivos epicenos:

É importante diferenciar os substantivos sobrecomuns dos substantivos epicenos. Enquanto os substantivos sobrecomuns são invariáveis em gênero, os substantivos epicenos possuem um único gênero gramatical, mas podem se referir a machos ou fêmeas. A diferença crucial está na flexão. Substantivos epicenos como “cobra” e “onça” mudam seu gênero apenas com o uso de adjetivos (“cobra macho”, “onça fêmea”). Já nos sobrecomuns, essa distinção não existe na própria palavra.

Em conclusão, os substantivos sobrecomuns representam uma categoria interessante e fundamental para a compreensão da flexão nominal em português. Sua característica de invariabilidade de gênero demonstra a capacidade da língua de expressar conceitos de forma concisa, mesmo que a precisão sobre o gênero dependa da contextualização da frase. A sua utilização, cada vez mais frequente em busca de uma linguagem mais inclusiva, reforça sua relevância no panorama linguístico contemporâneo.