Quais são os elementos da textualidade?

Desvendando a Textualidade: Mais do que Palavras, um Universo de Sentidos

A simples junção de palavras não configura, necessariamente, um texto. Para que um conjunto de enunciados se torne um texto coeso e compreensível, é preciso que determinados elementos, conhecidos como elementos da textualidade, estejam presentes. Esses elementos atuam em conjunto, criando uma espécie de “contrato de leitura” entre o produtor e o receptor do texto, garantindo a sua interpretação significativa. Não se trata apenas de gramática, mas de uma complexa interação de fatores linguísticos e extralinguísticos.

Vamos explorar, de forma mais aprofundada, esses elementos, fugindo de uma mera lista e buscando uma compreensão mais abrangente de seu funcionamento:

1. Coerência: A coerência é a espinha dorsal de um texto. Ela se refere à lógica interna do texto, à sua inteligibilidade e à relação significativa entre as partes. Não se trata apenas da correção gramatical, mas da construção de um sentido global, onde as ideias se articulam de forma harmônica e progressiva. Um texto coerente apresenta progressão temática, ou seja, as ideias se desenvolvem de maneira organizada, evitando contradições e redundâncias desnecessárias. A coerência é, portanto, um processo cognitivo que envolve o leitor na construção do sentido. A ausência de coerência gera incompreensão e frustração na leitura.

2. Coesão: Enquanto a coerência trata do sentido global, a coesão se refere aos mecanismos linguísticos que garantem a ligação entre as partes do texto. São os elos que conectam as frases, os parágrafos e as ideias, construindo a unidade textual. A coesão se manifesta através de diferentes recursos, como pronomes, conjunções, advérbios, repetições, elipses, entre outros. Um texto coeso apresenta uma fluidez na leitura, facilitando a compreensão do conteúdo. A ausência ou a falha na coesão pode gerar ambiguidade e dificultar o entendimento do texto.

3. Intencionalidade: Este elemento diz respeito ao propósito comunicativo do produtor do texto. Qual a sua intenção ao escrever? Informar, persuadir, divertir, emocionar? A intencionalidade guia a escolha das palavras, a organização das ideias e a construção do discurso como um todo. Um texto sem uma intenção clara tende a ser ineficaz e desinteressante.

4. Aceitabilidade: A aceitabilidade está relacionada à expectativa do receptor em relação ao texto. Será que o texto atende às suas expectativas? Oferece a informação que ele busca? É relevante para ele? Um texto inaceitável pode ser ignorado ou rejeitado pelo leitor, mesmo que apresente coerência e coesão.

5. Situacionalidade (ou Contextualização): Este elemento considera o contexto de produção e recepção do texto. Onde e quando ele foi produzido? Para quem ele foi escrito? Qual a situação comunicativa? A compreensão do texto depende, muitas vezes, da consideração do contexto em que ele foi inserido.

6. Informatividade: Refere-se ao grau de novidade da informação apresentada no texto. Um texto pode ser altamente informativo, apresentando dados inéditos, ou pouco informativo, repetindo informações já conhecidas. O equilíbrio entre o conhecido e o novo é fundamental para manter o interesse do leitor.

7. Intertextualidade: Um texto raramente surge no vácuo. Ele dialoga, consciente ou inconscientemente, com outros textos. A intertextualidade se manifesta por meio de citações, alusões, paráfrases, etc. Essa relação com outros textos enriquece o significado e amplia as possibilidades interpretativas.

Em resumo, a textualidade não é um conceito simples, mas uma complexa rede de interações entre diferentes fatores que garantem a construção de sentido em um texto. A compreensão desses elementos é fundamental para a produção e a interpretação de textos eficazes e significativos. A ausência ou a deficiência de um desses elementos pode comprometer a textualidade, dificultando ou impedindo a compreensão do texto pelo receptor.