Qual a definição de língua?

Mais do que palavras: Desvendando a complexidade da definição de língua

A ideia de “língua” parece simples à primeira vista: é o que usamos para falar, certo? Mas uma análise mais aprofundada revela uma complexidade fascinante, que vai além da mera comunicação oral. Definir “língua” de forma concisa e abrangente é um desafio que tem ocupado linguistas por décadas, gerando diversas perspectivas. Embora a definição apresentada – “Língua, portanto, é um sistema estruturado de sinais (orais ou gestuais) que permite a comunicação entre indivíduos de uma comunidade. Sua origem é social, sendo desenvolvida por grupos humanos para interação e transmissão de informações, como exemplifica a Libras. A organização desses sinais garante a compreensão mútua.” – seja um bom ponto de partida, ela precisa ser expandida para capturar a riqueza do fenômeno linguístico.

A definição acima acertadamente aponta para a estrutura da língua. Não se trata de uma mera sucessão aleatória de sons ou gestos, mas de um sistema organizado por regras, sejam fonéticas, fonológicas, morfológicas, sintáticas ou semânticas. Essas regras, internalizadas pelos falantes, permitem a produção e a interpretação de um número infinito de sentenças a partir de um conjunto finito de elementos. A gramática, portanto, é um elemento crucial e define a organização interna da língua. A Libras, como exemplo citado, ilustra perfeitamente essa estrutura organizada em sinais com sua própria gramática, diferente da língua portuguesa falada.

Outro ponto fundamental é a dimensão social. A língua não é uma entidade individual, mas um produto coletivo, construído e transmitido pela interação social. Ela evolui e se transforma ao longo do tempo, refletindo as mudanças culturais e sociais da comunidade que a utiliza. A língua é, portanto, um patrimônio cultural que molda e é moldado pela sociedade. A variedade de dialetos e sotaques dentro de uma mesma língua demonstra essa dinâmica social.

No entanto, a definição precisa ir além do aspecto comunicativo, embora este seja essencial. A língua não serve apenas para transmitir informações factuais, mas também para expressar emoções, construir identidades, negociar poder e criar narrativas. Sua função é multifacetada e engloba a expressão da subjetividade, a construção do conhecimento e a perpetuação da cultura. A linguagem poética, por exemplo, demonstra essa capacidade expressiva que vai muito além da simples transmissão de dados.

Em resumo, a definição completa de “língua” deveria incluir não apenas sua estrutura sistemática e sua origem social, mas também sua complexa função na construção da sociedade e na expressão da individualidade humana. É um sistema vivo, dinâmico e intrinsecamente ligado à cultura e à história das comunidades que a utilizam. Definir a língua é, portanto, um exercício contínuo de compreensão de sua intrincada natureza.