Qual a diferença entre língua e linguagem de sinais?

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Língua de sinais é uma língua natural, com gramática e vocabulário próprios, usada por comunidades surdas. Diferencia-se da linguagem oral por seu modalidade visual-espacial, utilizando expressões faciais, movimentos de mãos e corpo para transmitir significado. A língua portuguesa, por exemplo, é uma língua oral, enquanto a Libras (Língua Brasileira de Sinais) é uma língua de sinais. Ambas são sistemas de comunicação complexos, mas utilizam canais diferentes.
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Desvendando a Comunicação Surda: A Distinção Essencial entre Língua de Sinais e Linguagem de Sinais

Compreender a diferença entre língua de sinais e linguagem de sinais é fundamental para a inclusão e para uma comunicação eficaz com a comunidade surda. Embora os termos sejam frequentemente utilizados de forma intercambiável, essa prática é imprecisa e pode levar a equívocos sobre a natureza e a complexidade da comunicação visual-espacial utilizada por pessoas surdas.

A chave para a distinção reside no conceito de língua. Uma língua, seja ela oral ou de sinais, é um sistema de comunicação completo e estruturado, dotado de gramática, vocabulário e regras próprias, que evolui naturalmente dentro de uma comunidade. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), a American Sign Language (ASL) e a Langue des Signes Française (LSF) são exemplos de línguas de sinais, cada uma com sua própria história, nuances culturais e variações regionais, assim como o português, o inglês e o francês.

A linguagem, por outro lado, é um termo mais abrangente que se refere à capacidade humana de comunicar ideias, pensamentos e sentimentos, independentemente do meio utilizado. A linguagem pode se manifestar de diversas formas, incluindo a linguagem oral, a linguagem escrita, a linguagem corporal e, crucialmente, a linguagem de sinais.

Portanto, a linguagem de sinais é a categoria geral que engloba todos os sistemas de comunicação visual-gestual, enquanto a língua de sinais é um sistema específico e formalizado, com a complexidade e a riqueza de qualquer outra língua natural.

A Profundidade das Línguas de Sinais

É importante ressaltar que as línguas de sinais não são meras traduções gestuais das línguas orais. Elas possuem uma gramática visual-espacial própria, que difere significativamente da estrutura das línguas faladas. Por exemplo, a Libras utiliza classificadores (mãos que representam objetos ou pessoas), incorporação de verbos e a marcação de tempo e aspecto de forma visual, elementos que não encontram paralelo direto na língua portuguesa.

A expressão facial e o movimento do corpo também desempenham um papel crucial na transmissão de significado nas línguas de sinais. Uma simples mudança na expressão facial pode alterar completamente o sentido de uma frase. Essa riqueza e complexidade demonstram que as línguas de sinais são muito mais do que simples gestos; são sistemas linguísticos completos e sofisticados.

A Importância do Reconhecimento e da Valorização

Reconhecer a Libras (e outras línguas de sinais) como línguas legítimas é um passo fundamental para a inclusão da comunidade surda. Significa reconhecer sua cultura, sua identidade e seu direito à comunicação plena e acessível. A Lei nº 10.436/2002 oficializou a Libras no Brasil, garantindo o acesso à educação, à saúde e a outros serviços públicos na língua de sinais.

A valorização da Libras não beneficia apenas a comunidade surda, mas enriquece a sociedade como um todo. A aprendizagem de uma língua de sinais expande a nossa compreensão da linguagem, da comunicação e da diversidade humana. Além disso, pode abrir portas para novas oportunidades profissionais e pessoais.

Em resumo, a diferença entre língua de sinais e linguagem de sinais reside na especificidade e na estrutura formal da primeira. As línguas de sinais são sistemas linguísticos completos e complexos, com gramáticas e vocabulários próprios, enquanto a linguagem de sinais é um termo mais amplo que engloba todas as formas de comunicação visual-gestual. Reconhecer essa distinção é crucial para promover a inclusão, o respeito e a valorização da comunidade surda e de sua rica e expressiva forma de comunicação.