Qual campo de experiência entra a contação de história?

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Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a contação de histórias se encaixa no campo de experiência Escuta, fala, pensamento e imaginação. Ela é valorizada como ferramenta para desenvolver habilidades de interação e comunicação entre os alunos, conforme descrito na BNCC, página 42.

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A Contação de Histórias: Um Campo Transversal de Experiências

A contação de histórias, prática milenar e fundamental para a construção da cultura humana, transcende a simples narrativa. Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a situe, com acerto, no campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, sua influência se estende para além dessa delimitação, permeando diversos outros campos do desenvolvimento infantil e mesmo adulto. Afirmar que a contação de histórias apenas se encaixa nesse campo seria uma simplificação que obscurece sua riqueza e potencial.

A BNCC, na página 42, corretamente destaca a importância da contação de histórias para o desenvolvimento da interação e comunicação. A criança, ao ouvir uma narrativa, desenvolve a escuta atenta, amplia seu vocabulário, aprimora a compreensão textual e exercita a expressão oral, seja por meio de perguntas, comentários ou mesmo pela recriação da história. No entanto, a experiência vai muito além da mera aquisição de linguagem.

A imersão na narrativa estimula a imaginação e a criatividade, permitindo a construção de mundos internos ricos e complexos. A criança, transportada para outros cenários e perspectivas, desenvolve sua capacidade de empatia, aprendendo a se colocar no lugar do outro, compreendendo diferentes emoções e pontos de vista. Esse desenvolvimento emocional, muitas vezes negligenciado, é crucial para a formação de indivíduos mais conscientes e socialmente responsáveis.

Além disso, a contação de histórias contribui significativamente para o desenvolvimento cognitivo. A compreensão da sequência de eventos, a identificação de personagens e suas motivações, a análise das relações de causa e efeito – todos esses processos mentais são estimulados durante a narrativa. A memorização, a atenção e o raciocínio lógico também são beneficiados.

Dependendo da abordagem, a contação de histórias pode se conectar com outros campos da BNCC, como:

  • Traços, sons, cores e formas: Histórias que descrevem cenários ricos em detalhes visuais, ou que utilizam recursos multissensoriais, contribuem para o desenvolvimento da percepção e da expressão artística.
  • Corpo, gestos e movimentos: A dramatização, a utilização de fantoches ou mesmo a mímica durante a contação podem estimular a expressão corporal e a coordenação motora.
  • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações: Histórias que envolvem viagens no tempo, diferentes espaços geográficos ou que trabalham com conceitos matemáticos básicos contribuem para a compreensão desses elementos.

Em suma, a contação de histórias é uma ferramenta pedagógica poderosa e transversal, que contribui para o desenvolvimento integral da criança e do adulto. Sua inserção no campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação” é pertinente, mas não exaustiva. Sua verdadeira força reside na sua capacidade de integrar e potencializar diferentes áreas do conhecimento e do desenvolvimento humano, construindo pontes entre a imaginação e a realidade. Compreender essa amplitude é fundamental para aproveitar todo o seu potencial educativo.