Qual é a classificação da palavra que?

A palavra “que”: Uma análise de sua classificação gramatical

A palavra “que” é uma das mais versáteis e complexas da língua portuguesa. Sua função, e consequentemente sua classificação, não reside em si mesma, mas na relação que estabelece com as outras palavras e orações. Não é uma simples conjunção, mas sim uma partícula que assume diferentes papéis gramaticais, dependendo do contexto.

É comum, e em grande medida correto, dizer que “que” é uma conjunção. No entanto, essa afirmação é incompleta e pode levar a uma compreensão superficial de sua ampla gama de funções. A palavra desempenha, de fato, o papel de conjunção, mas sua classificação específica como conjunção coordenativa ou subordinativa depende da estrutura sintática em que está inserida. Além disso, a oração por ela introduzida exerce um papel crucial na determinação da sua função exata.

Conjunções Coordenativas: Quando “que” liga orações coordenadas, ou seja, orações que possuem a mesma função sintática e podem existir independentemente uma da outra, sua classificação será a de conjunção coordenativa. Nesses casos, ela frequentemente indica adição, oposição, explicação ou conclusão. A sua identificação precisa depende, como já mencionado, da função da oração que conecta. Exemplo: “Ana estudou muito, que conseguiu aprovação em todos os testes.” (“que” neste caso, denota conclusão, sendo uma conjunção coordenativa conclusiva).

Conjunções Subordinativas: A função mais comum de “que” é como conjunção subordinativa, introduzindo orações subordinadas, que dependem sintaticamente de uma oração principal para ter significado completo. A classificação precisa de “que” como conjunção subordinativa dependerá do tipo de oração que ela introduz (substantiva, adjetiva ou adverbial). Assim, temos:

• Orações Substantivas: “Disse que iria viajar.” (o “que” introduz uma oração substantiva objetiva direta).
• Orações Adjetivas: “O livro que li era ótimo.” (o “que” introduz uma oração adjetiva restritiva).
• Orações Adverbiais: “Ficou triste que perdeu o campeonato.” (o “que” introduz uma oração adverbial causal).

A importância do contexto: É fundamental analisar o contexto sintático para determinar a classificação exata de “que”. A simples presença da palavra não é suficiente. A função da oração que ela introduz é determinante na classificação, diferenciando, por exemplo, um “que” subordinativo causal de um “que” coordenativo conclusivo.

Em resumo, a palavra “que” não pode ser categorizada apenas como “conjunção”. Sua classificação precisa considerar o tipo de oração que introduz, sendo ela coordenativa ou subordinativa, e o papel específico dessa oração na estrutura sintática da frase. A análise cuidadosa do contexto é essencial para compreender adequadamente a função da palavra “que” em cada caso.