Qual é a intenção do emissor na função referencial?

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A função referencial, ou denotativa/informativa, objetiva transmitir informações objetivamente, focando na mensagem em si e não nas emoções do emissor ou receptor. Prioriza a clareza e precisão, como se observa na linguagem jornalística e científica, buscando apenas a transmissão de dados.

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A Intenção Oculta por Trás da Objetividade: Desvendando a Função Referencial

A função referencial da linguagem, frequentemente chamada de denotativa ou informativa, é como o alicerce da comunicação factual. Ela se apresenta como a mensageira da objetividade, a portadora de dados crus e a transmissora de informações verificáveis. Mas, por trás dessa fachada de imparcialidade, esconde-se uma intenção sutil, um propósito que vai além da mera transmissão de dados: estabelecer e solidificar uma compreensão compartilhada da realidade.

Enquanto outras funções da linguagem buscam persuadir, expressar emoções ou manter o canal de comunicação aberto, a função referencial se dedica a pintar um retrato do mundo o mais acurado possível. O emissor, ao utilizá-la, busca garantir que o receptor entenda o referente (o objeto, evento ou conceito ao qual a mensagem se refere) da mesma maneira que ele. Essa busca por consenso na percepção da realidade é a pedra angular da função referencial.

A Intenção Subjacente:

A intenção do emissor, ao empregar a função referencial, pode ser melhor compreendida ao dividirmos em alguns pontos cruciais:

  1. Compartilhar Conhecimento Objetivo: A intenção primária é, inegavelmente, compartilhar informações que possam ser consideradas verdadeiras ou, ao menos, altamente prováveis com base em evidências. O emissor deseja ampliar o conhecimento do receptor sobre um determinado assunto, sem o filtro da subjetividade.

  2. Construir um Entendimento Comum: A função referencial não se limita a despejar informações. Ela almeja construir um terreno comum de entendimento. Ao apresentar fatos de forma clara e precisa, o emissor busca garantir que ambos, emissor e receptor, compartilhem a mesma base de conhecimento sobre o tema em questão.

  3. Estabelecer Credibilidade e Autoridade: Ao se ater aos fatos e evitar linguagem emotiva ou persuasiva, o emissor se posiciona como uma fonte confiável de informação. Essa postura contribui para a construção de sua credibilidade e, em alguns casos, pode até conferir-lhe uma aura de autoridade sobre o assunto.

  4. Facilitar a Tomada de Decisões Informadas: Ao fornecer informações objetivas, o emissor possibilita que o receptor tome decisões mais informadas e racionais. Em vez de se basear em opiniões ou emoções, o receptor pode analisar os dados apresentados e chegar a uma conclusão embasada em fatos.

  5. Documentar e Registrar a Realidade: Em muitos casos, a função referencial é utilizada para documentar eventos, registrar dados e preservar informações para o futuro. A intenção é criar um registro preciso e objetivo da realidade para que possa ser consultado e utilizado por outras pessoas em momentos posteriores.

Além da Informação: Implicações Subtis

É importante notar que, mesmo na aparente neutralidade da função referencial, existem nuances e potenciais implicações. A escolha dos fatos a serem apresentados, a maneira como são organizados e até mesmo o tom utilizado (mesmo que buscando a objetividade) podem influenciar a percepção do receptor. Um jornalista, por exemplo, ao relatar um evento político, pode, mesmo sem intenção explícita, enfatizar certos aspectos que favorecem ou desfavorecem um determinado lado.

Em suma, a função referencial se manifesta como a busca pela objetividade, mas a intenção do emissor vai além da mera transmissão de informações. Ela se projeta na construção de um entendimento compartilhado, no estabelecimento de credibilidade e na capacitação do receptor para tomar decisões informadas. Ao compreendermos as nuances dessa função, podemos nos tornar receptores mais críticos e, ao mesmo tempo, comunicadores mais eficazes.