Qual é o nosso sistema de escrita?

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O português é um sistema de escrita alfabético, onde letras representam fonemas. No entanto, essa relação não é totalmente unívoca, pois uma mesma letra pode representar diferentes sons ou um mesmo som pode ser representado por diferentes letras.

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A Complexidade Encantadora do Nosso Sistema de Escrita: Uma Viagem Pelo Alfabeto Português

O português, como muitas línguas, utiliza um sistema de escrita alfabético. Isso significa que empregamos um conjunto de letras para representar os sons da fala, os fonemas. Aparenta simples, mas a beleza e a complexidade da nossa escrita residem justamente na rica interação – ou, por vezes, na discrepância – entre grafia e pronúncia. Não se trata de uma correspondência direta e linear, como um código, mas sim de um sistema adaptável, carregado de história e nuances.

A afirmação de que “letras representam fonemas” é, portanto, uma simplificação. A relação entre a escrita e a fala em português é marcada por inúmeras particularidades que tornam o aprendizado da língua, tanto para falantes nativos quanto para aprendizes, um processo fascinante e, por vezes, desafiador. Vejamos alguns exemplos:

  • A mesma letra, diferentes sons: A letra “c”, por exemplo, pode representar o som de /k/ em “casa” e /s/ em “céu”, dependendo da vogal que a segue. Similarmente, “g” pode soar como /g/ em “gato” e /ʒ/ em “gentileza”. Essa variação fonética, dependente do contexto, exige atenção e memorização.

  • Diferentes letras, mesmo som: O som /s/, além do “c” em “céu”, também pode ser representado por “ç” em “ação”, “s” em “sol”, e “ss” em “passar”. Essa redundância, embora possa parecer um inconveniente, reflete a evolução histórica da língua e a influência de diferentes idiomas ao longo do tempo.

  • Dígrafos e dífonos: A combinação de duas letras para representar um único fonema, como “ch” em “chuva” ou “lh” em “alho”, ilustra outra característica peculiar do nosso sistema. Por outro lado, temos os dífonos, onde duas letras representam sons distintos, porém pronunciados juntos, como em “queijo”, onde “qu” não representa o /k/ sozinho, mas sim o /k/ seguido de /e/.

  • Letras mudas: Em palavras como “hora” ou “homenagem”, o “h” é mudo, não tendo representação fonética, mas desempenhando um papel ortográfico, contribuindo para a distinção entre palavras.

  • A influência da etimologia: Muitas vezes, a grafia de uma palavra reflete sua origem histórica, mesmo que a pronúncia tenha evoluído ao longo dos séculos. Palavras de origem latina, por exemplo, podem manter padrões ortográficos que não correspondem diretamente à pronúncia atual.

Compreender o nosso sistema de escrita, portanto, vai além de simplesmente memorizar a correspondência entre letras e sons. Requer uma análise mais profunda, que leve em consideração a história da língua, as influências externas e a complexa interação entre a fonética e a ortografia. Essa complexidade, no entanto, é também o que torna a língua portuguesa tão rica e expressiva, um desafio constante e um tesouro de conhecimento a ser desvendado.