Qual é o objeto de estudo da língua portuguesa?

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A língua portuguesa, em seu estudo, abrange a análise da gramática, buscando a adequação entre a fala e a escrita às normas cultas. Essa análise verifica a correspondência entre a prática comunicativa e as regras gramaticais estabelecidas, visando a clareza e a precisão na comunicação. A gramática, portanto, define a correção e a elegância da linguagem.

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Além da Gramática: Desvendando o Objeto de Estudo da Língua Portuguesa

A língua portuguesa, ao contrário do que muitos pensam, não se limita à análise gramatical, embora esta seja uma parte fundamental de seu estudo. Afirmar que o objeto de estudo da língua portuguesa é apenas a gramática normativa é uma simplificação reducionista que ignora a riqueza e complexidade do fenômeno linguístico. Sim, a gramática, com suas regras de concordância, regência, sintaxe e morfologia, é crucial para entender a estrutura da língua e garantir a clareza e a eficácia da comunicação escrita e falada, buscando a adequação às normas cultas. A verificação da correspondência entre a prática comunicativa e essas regras é, sem dúvida, um aspecto relevante. Mas a gramática é apenas uma lente, por mais importante que seja, através da qual se observa um objeto muito mais amplo e fascinante.

O objeto de estudo da língua portuguesa engloba, na verdade, a investigação de um sistema complexo e dinâmico que se manifesta em diversas dimensões:

  • A dimensão estrutural: Aqui reside a gramática, mas não apenas a normativa. A linguística, por exemplo, estuda a estrutura da língua em diferentes níveis – fonético, fonológico, morfológico, sintático e semântico – indo além da simples correção gramatical, buscando compreender os princípios que regem a organização da língua. Analisa-se a variação linguística, compreendendo como a língua se manifesta em diferentes contextos sociais e geográficos.

  • A dimensão histórica: A língua portuguesa não é estática; evolui ao longo do tempo, sofrendo influências externas e internas. O estudo da sua história, desde o latim vulgar até a sua configuração atual, com suas variantes e dialetos, é crucial para entender sua estrutura e sua dinâmica. Essa dimensão histórica nos permite compreender as mudanças semânticas, morfológicas e sintáticas que moldaram a língua que falamos hoje.

  • A dimensão sociolinguística: A língua não existe num vácuo. Ela está intrinsecamente ligada à sociedade que a utiliza. A sociolinguística estuda a relação entre a língua e os fatores sociais, como classe social, região geográfica, idade, gênero, etnia, entre outros. Analisa-se como esses fatores influenciam a variação linguística, a escolha lexical e a construção de significados.

  • A dimensão pragmática: Esta dimensão foca no uso da língua em contextos comunicativos específicos. Analisa-se como os falantes utilizam a língua para alcançar seus objetivos comunicacionais, considerando os fatores contextuais, como o interlocutor, o propósito da comunicação e o cenário em que ela ocorre. A interpretação do significado, considerando o contexto, é fundamental nesse estudo.

  • A dimensão textual: Finalmente, o estudo da língua portuguesa inclui a análise de textos em suas diversas formas – narrativas, descritivas, argumentativas, etc. – considerando não apenas a sua estrutura gramatical, mas também os aspectos semânticos, estilísticos e pragmáticos. A análise textual permite compreender como a língua é utilizada para construir significado e atingir diferentes efeitos comunicativos.

Em síntese, o objeto de estudo da língua portuguesa transcende a mera aplicação das regras gramaticais. É a investigação de um sistema complexo, vivo e dinâmico, que se manifesta em diferentes dimensões e se integra à história, à sociedade e à cultura que a moldam e são moldadas por ela. Compreender a língua portuguesa exige, portanto, uma abordagem multifacetada que englobe todas essas dimensões, para além da gramática normativa.