Quando é que entregou em aplicação o novo acordo ortográfico?

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O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em dezembro de 1990 para entrar em vigor em 1994, mas dependia da ratificação de todos os países até essa data.

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A Saga da Implementação do Acordo Ortográfico: Uma Jornada Complexa e Demorada no Brasil

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, representou um marco para a unificação ortográfica entre os países lusófonos. No entanto, a implementação no Brasil não foi um processo linear e rápido, mas sim uma jornada complexa, marcada por debates, resistências e prazos estendidos. Diferente de outros países, o Brasil, com sua vasta população e complexidade educacional, enfrentou desafios únicos para a adoção do novo padrão ortográfico.

Um Longo Caminho da Assinatura à Vigência:

A assinatura do acordo em 1990 estabeleceu o plano de fundo para uma reforma ortográfica que visava facilitar o intercâmbio cultural e científico entre os países de língua portuguesa. A previsão inicial era que o acordo entrasse em vigor em 1994, dependendo da ratificação por todos os países signatários. Contudo, a realidade se mostrou mais desafiadora.

A Resistência e o Debate Público:

No Brasil, a proposta de mudança ortográfica gerou debates acalorados. Acadêmicos, linguistas, escritores e a população em geral expressaram opiniões diversas, desde o entusiasmo pela unificação até a preocupação com a perda da identidade cultural e o custo da adaptação. Argumentos como a dificuldade de adaptação para pessoas com menor escolaridade e o impacto sobre obras literárias clássicas foram frequentemente levantados.

O Marco Legal e os Prazos Estendidos:

Apesar das resistências, o governo brasileiro promulgou o Decreto nº 6.583, em 29 de setembro de 2008, oficializando o Acordo Ortográfico no país. No entanto, a implementação não foi imediata. Foi estabelecido um período de transição para que a população, as instituições de ensino e os órgãos públicos pudessem se adequar às novas regras.

A Implementação Gradual e o Período de Transição:

O período de transição, iniciado em 1º de janeiro de 2009, inicialmente previa o uso simultâneo da ortografia antiga e da nova. Este período, crucial para a adaptação, foi estendido diversas vezes, refletindo as dificuldades encontradas na implementação. Materiais didáticos precisaram ser revisados, livros reeditados e profissionais da área de comunicação capacitados.

O Fim da Transição e a Obrigatoriedade:

Após diversas prorrogações, o prazo final para a implementação total do Acordo Ortográfico no Brasil foi definido para 1º de janeiro de 2016. A partir desta data, o uso da nova ortografia tornou-se obrigatório em todo o território nacional, em documentos oficiais, publicações e no ensino.

Um Legado de Unificação (e Algumas Controvérsias):

Apesar das controvérsias e do tempo dilatado para a implementação, o Acordo Ortográfico representou um avanço significativo para a unificação da língua portuguesa. Facilitou a comunicação e o intercâmbio cultural entre os países lusófonos, além de simplificar algumas regras ortográficas. No entanto, o debate sobre a eficácia e o impacto do acordo ainda persiste, com alguns questionando se os benefícios alcançados justificaram o longo e complexo processo de implementação.

Em resumo, a jornada do Acordo Ortográfico no Brasil foi uma maratona, não uma corrida de velocidade. Marcada por debates, resistências e extensos períodos de transição, a implementação finalizada em 2016 representou a conclusão de um processo complexo e multifacetado, que buscou unificar a língua portuguesa em um contexto globalizado.