Quem dita as regras da língua portuguesa?

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A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), apesar de privada, desempenha papel crucial na definição de normas e padrões técnicos da língua portuguesa no Brasil. Sua autoridade é reconhecida por lei em diversas questões, complementando o trabalho das instituições oficiais de normatização linguística. A ABNT contribui, portanto, para a uniformidade e o uso adequado da língua.

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Quem dita as regras da língua portuguesa?

A língua portuguesa, em seu uso no Brasil, não possui um único “ditador” de regras. Ao contrário, um conjunto de instituições e entidades, públicas e privadas, contribui para a normatização e a padronização do idioma. Não há um órgão único detentor da verdade absoluta, mas sim um processo coletivo e evolutivo, que busca garantir a clareza, a uniformidade e a eficácia da comunicação.

Apesar da crença popular de que instituições governamentais sejam as únicas responsáveis, a realidade é mais complexa. A norma culta da língua portuguesa, usada em documentos oficiais, textos acadêmicos e meios de comunicação formais, se apoia em diferentes pilares. A Academia Brasileira de Letras (ABL), por exemplo, possui um papel histórico e importante na preservação da língua portuguesa, atuando na discussão e recomendação de usos lexicais e gramaticais. No entanto, a ABL não detém o poder de legislar ou impor suas decisões de forma legalmente obrigatória.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) emerge como um agente crucial nesse cenário. Sua atuação, apesar de privada, é reconhecidamente importante e influente. A ABNT, por meio de suas normas técnicas, estabelece padrões e especificações para a escrita em diversos contextos, incluindo relatórios técnicos, documentos científicos, e projetos de engenharia. A autoridade da ABNT é reconhecida legalmente no Brasil, o que lhe confere um peso considerável na definição de padrões para a língua portuguesa em áreas específicas. Essa autoridade, entretanto, não se estende a todos os âmbitos da língua, complementando o trabalho de outras instituições.

É importante ressaltar que as normas da ABNT, assim como as da ABL, não visam a restringir a criatividade ou a flexibilidade da língua, mas sim a promover a clareza e a uniformidade em contextos específicos. A evolução da linguagem, as necessidades comunicativas dos diferentes campos do conhecimento e as variações regionais permanecem fatores determinantes na dinâmica da língua portuguesa.

Em resumo, não existe uma única entidade que dita as regras do português no Brasil. A normatização é um processo coletivo, influenciado por diversas instituições, incluindo a ABL, a ABNT e outras entidades públicas e privadas, que contribuem para a padronização e uso adequado do idioma, mas sempre considerando a sua natureza dinâmica e a diversidade de seus usos. A norma culta é um ponto de referência, mas não um dogma imutável.