O que é sujeito nulo subentendido?

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Sujeito nulo subentendido é aquele que não aparece na frase, mas está implícito no verbo. Exemplo: Ando de comboio. Aqui, o sujeito eu não aparece, mas pode ser facilmente inferido da forma verbal ando.

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O Sujeito Nulo Subentendido: Uma Presença Silenciosa na Língua Portuguesa

A gramática normativa tradicional muitas vezes nos ensina a procurar o sujeito de uma oração como se fosse um elemento obrigatório e explicitamente presente. Entretanto, a língua portuguesa, como muitas outras línguas, apresenta construções onde o sujeito, embora existindo semanticamente, não se manifesta explicitamente na forma escrita ou falada. É o caso do sujeito nulo subentendido, um conceito que merece uma análise mais aprofundada para além de simples exemplos.

A essência do sujeito nulo subentendido reside na sua implicitude. Ele não está escrito, não é pronunciado, mas sua existência é pressuposta pelo contexto e pela própria forma verbal. O verbo, neste caso, é marcado morfologicamente para concordar com um sujeito que, embora não esteja presente, é facilmente recuperável pelo interlocutor ou leitor.

A chave para identificar um sujeito nulo subentendido está na concordância verbal. Se o verbo está conjugado numa pessoa e número específicos (primeira pessoa do singular, segunda pessoa do plural, etc.), e não existe um sujeito explícito na frase, então temos fortes indícios de um sujeito nulo.

Exemplo 1: “Choveu muito ontem.”

Nesta frase, não há um sujeito explícito. O verbo “choveu” é conjugado na terceira pessoa do singular. Sabemos que “o céu” ou “a chuva” é o sujeito implícito, pela própria semântica do verbo “chover”. No entanto, a frase não apresenta o sujeito explicitamente, caracterizando um caso de sujeito nulo.

Exemplo 2: “Ando de bicicleta todas as manhãs.”

Aqui, o verbo “ando” está na primeira pessoa do singular. O sujeito, “eu”, está subentendido e não precisa ser explicitado para que a frase seja compreendida. A concordância verbal nos indica claramente quem é o agente da ação.

Diferença entre sujeito nulo e oração sem sujeito: É importante diferenciar o sujeito nulo subentendido da oração sem sujeito. Em orações sem sujeito, o verbo é impessoal, ou seja, não se refere a nenhum agente. Exemplos: “Choveu”; “Faz calor”; “Havia muitas pessoas”. Nestes casos, o verbo não concorda com nenhum sujeito, pois ele não possui um. Já no sujeito nulo, a concordância existe, mas o sujeito está implícito.

A importância do contexto: A compreensão do sujeito nulo subentendido depende fortemente do contexto comunicativo. Uma frase fora de contexto pode dificultar a identificação do sujeito implícito. Por exemplo, “Dormiu bem?” só pode ser entendida se o contexto indicar a pessoa a quem a pergunta se dirige.

Conclusão: O sujeito nulo subentendido é um fenômeno linguístico comum na língua portuguesa, demonstrando a flexibilidade e a economia da linguagem. Compreender sua natureza contribui para uma análise mais completa e sofisticada da estrutura frasal, revelando a riqueza e a sutileza da comunicação. Apesar da sua ausência formal, sua presença semântica e sintática é inegável, reforçando a dinâmica e a complexidade da gramática em uso.