Quais são as gírias de Portugal?

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Em Portugal, aguentar nas canetas significa estar exausto. Atar o atacador é uma expressão informal. Brutal e bué significam muito. Dar o peido mestre é uma forma de se dar mal. Descalçar esta bota indica o fim de algo. Do pioril significa ruim e esticar o pernil é descansar. Essas expressões, contextualmente diferentes do Brasil, revelam a riqueza da língua portuguesa em Portugal.

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Além do “Bacano”: Um mergulho nas gírias portuguesas

A língua portuguesa, mesmo dentro de suas variantes, guarda um vasto universo de expressões idiomáticas. Enquanto no Brasil temos nossas peculiaridades, em Portugal, um rico caldeirão de influências históricas e culturais moldou um vocabulário informal vibrante e muitas vezes peculiar para quem está acostumado ao português brasileiro. Ultrapassando os estereótipos de uma simples “diferença de sotaque”, as gírias portuguesas revelam uma riqueza linguística que merece ser explorada.

Ao contrário do que muitos pensam, as gírias portuguesas não são apenas variações semânticas das expressões brasileiras. Elas frequentemente carregam conotações e imagens distintas, criando um universo de significados próprios. Neste artigo, vamos explorar algumas dessas expressões, contextualizando-as e destacando suas nuances:

Algumas expressões e seus significados:

  • Aguentar nas canetas: Esta expressão, longe de se referir a algum instrumento de escrita, significa estar extremamente cansado, exausto, fisicamente e mentalmente esgotado. A imagem evocada é a de alguém que se agarra com força às canetas (talvez de uma cadeira, por exemplo) para se manter acordado.

  • Atar o atacador: Esta expressão informal significa, de forma geral, resolver uma situação, geralmente de forma rápida e improvisada. Não se refere ao ato literal de amarrar um cadarço. A imprecisão da ação enfatiza a improvisação da solução.

  • Brutal e Bué: Ambas significam “muito”, “bastante”, porém com nuances diferentes. “Brutal” pode ser usado para enfatizar algo positivo (“Este concerto foi brutal!”) ou negativo (“Este trânsito está brutal!”), enquanto “bué” (de origem incerta, possivelmente do árabe) tem uma conotação mais informal e geralmente positiva (“Tenho bué trabalho!”).

  • Dar o peido mestre: Essa expressão, carregada de humor negro, significa cometer um grande erro, ter um grande fracasso, ou passar por uma situação embaraçosa com consequências negativas. A imagem evocada é forte e cômica.

  • Descalçar esta bota: Significa o fim de uma situação, de um projeto, ou de uma relação. A imagem da bota sendo retirada sugere a conclusão definitiva de algo.

  • Do pioril: Esta expressão significa “ruim”, “de má qualidade”, ou “deficitário”. É uma forma informal e expressiva de indicar algo abaixo do esperado.

  • Esticar o pernil: Em vez de simplesmente “descansar”, essa expressão evoca a imagem de alguém esticando as pernas e relaxando completamente após um período de esforço físico ou mental. O uso de “pernil” (parte da perna) reforça a ideia de relaxamento físico.

A riqueza da variação linguística:

Estas são apenas algumas das inúmeras gírias utilizadas em Portugal, demonstrando a dinâmica e a riqueza da língua portuguesa em sua diversidade. Compreender essas nuances não é apenas uma questão de curiosidade linguística, mas também uma chave para uma melhor compreensão da cultura e do dia a dia dos portugueses. A próxima vez que ouvir uma expressão portuguesa aparentemente estranha, lembre-se de que por trás dela há um universo de significado cultural e histórico esperando para ser descoberto. Afinal, a beleza da língua reside em sua capacidade de se adaptar, inovar e criar novas formas de expressar a experiência humana.