Qual o termo correto para se referir a pessoas surdas?

A Importância da Linguagem Inclusiva: Por que “Surda” é o Termo Correto?

A língua portuguesa, como qualquer outra, reflete as nuances da sociedade que a utiliza. No caso da referência a pessoas com deficiência auditiva, a escolha do termo apropriado é crucial para a construção de uma comunicação respeitosa e inclusiva. Historicamente, o uso de termos como “surdo-mudo” se perpetuou, mas sua utilização hoje em dia é considerada inadequada e até mesmo ofensiva. Compreender por que “surda” (e “surdo” para o masculino) é o termo correto requer analisar a complexidade da deficiência auditiva e a evolução da própria percepção sobre ela.

A principal razão para o abandono de “surdo-mudo” reside em sua imprecisão e conotação negativa. A palavra sugere uma incapacidade dupla e, muitas vezes, implica em uma imagem de total silêncio e ausência de comunicação. Essa associação é completamente equivocada. A surdez, em si, é a perda total ou parcial da audição. A capacidade de fala, por sua vez, é independente da audição. Muitas pessoas surdas desenvolvem a fala, embora possa apresentar variações em relação à fala de ouvintes, e algumas utilizam a língua de sinais com fluência e desenvoltura. O termo “surdo-mudo”, ao associar equivocadamente a surdez ao mutismo, gera um estereótipo prejudicial e limita a compreensão da diversidade da experiência surda.

A utilização do termo “surda” (ou “surdo”) é, portanto, a opção mais precisa e respeitosa. Ele se refere diretamente à condição auditiva da pessoa, sem fazer suposições sobre suas outras capacidades. O termo, em sua simplicidade, reconhece a surdez como uma característica da identidade da pessoa, sem a conotação negativa e reducionista do termo antigo.

Além da precisão linguística, a escolha do termo correto demonstra respeito e inclusão. Optar por “surda” demonstra a consideração pela experiência individual e pela valorização da cultura surda, rica em história, arte e comunicação própria. Utilizar o termo adequado também contribui para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, onde as diferenças são respeitadas e celebradas.

Em suma, o debate sobre a terminologia apropriada para se referir às pessoas com deficiência auditiva não é meramente semântico; ele reflete a importância de uma linguagem inclusiva e consciente. Utilizar “surda” ou “surdo” é, portanto, mais do que uma questão de correção gramatical: é uma demonstração de respeito, de empatia e de compromisso com uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as pessoas.