Qual o verdadeiro português do Brasil ou Portugal?

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Não há um português verdadeiro do Brasil ou de Portugal. A língua evoluiu em ambos os países, e as versões atuais são frutos dessas transformações. Ambas são válidas e legítimas.

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O Português: Uma Língua, Duas (ou Mais) Realidades – Existe um “Verdadeiro” Português?

A pergunta sobre qual o “verdadeiro” português, o do Brasil ou o de Portugal, é equivocada em sua premissa. Não existe uma versão “original” que tenha se ramificado em variantes inferiorizadas. O português falado no Brasil e em Portugal, assim como em outras regiões onde é língua oficial (Angola, Moçambique, etc.), são variantes de uma mesma língua-mãe, que evoluíram de forma independente ao longo de séculos, refletindo as influências culturais, históricas e sociais de cada local. Pensar em superioridade ou inferioridade entre elas é um anacronismo linguístico e, muitas vezes, um reflexo de preconceitos.

A ideia de um português “puro” ou “correto” é um mito. A língua é um organismo vivo, em constante transformação. A gramática normativa, embora importante para a padronização escrita, não consegue abarcar a riqueza e a diversidade da fala cotidiana. No Brasil, por exemplo, há variações significativas entre o português falado no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Amazonas. Da mesma forma, em Portugal, encontramos diferenças entre o português de Lisboa, do Porto ou do Algarve. Esta diversidade regional é uma característica inerente à língua, e não um defeito.

A divergência entre o português brasileiro e o português europeu se manifesta em diversos aspectos:

  • Pronúncia: A pronúncia de algumas letras e fonemas varia significativamente. O “s” final, por exemplo, muitas vezes é pronunciado como “z” no Brasil. Já a nasalização das vogais apresenta nuances diferentes em ambas as variantes.

  • Vocabulário: Muitas palavras têm significados distintos ou são completamente diferentes em cada região. Um exemplo comum é a palavra “coxinha”, que no Brasil se refere a um salgado e em Portugal, a um tipo de frango. Também existem inúmeros regionalismos que enriquecem a língua, mas são desconhecidos em outras regiões.

  • Gramática: Apesar das semelhanças gramaticais, existem algumas diferenças na conjugação verbal, na colocação pronominal e na sintaxe.

  • Ortografia: Embora existam movimentos para uma maior aproximação ortográfica, ainda permanecem algumas diferenças, principalmente na utilização de certas letras e acentos.

Em vez de buscar um português “verdadeiro”, devemos celebrar a riqueza e a diversidade desta língua. Tanto o português brasileiro quanto o português europeu são legítimos e contribuem para a vitalidade e a força da língua portuguesa no mundo. A compreensão dessas diferenças, e não sua hierarquização, é fundamental para uma perspectiva linguística mais inclusiva e respeitosa. Afinal, a riqueza da língua portuguesa reside exatamente nessa pluralidade e adaptação contínua ao seu contexto cultural e geográfico.