Quando o verbo haver não flexiona?

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O verbo haver, significando existir ou ocorrer, é impessoal e invariável. Sua flexão no plural, frequente na linguagem oral, é incorreta. Como verbo impessoal, ele permanece na terceira pessoa do singular, independente do contexto, pois não possui sujeito. A forma correta é sempre houve, haverá, etc.

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A Impessoalidade do Verbo Haver: Quando a Flexão é um Erro

O verbo “haver”, em seu sentido de existir, acontecer ou ocorrer, apresenta uma característica peculiar: a impessoalidade. Diferentemente da maioria dos verbos, ele não se conjuga de acordo com o sujeito da oração, permanecendo sempre na terceira pessoa do singular, independente da quantidade de elementos que estejam presentes na frase. Essa invariabilidade, muitas vezes ignorada na linguagem coloquial, constitui um erro gramatical frequente que merece atenção.

A confusão surge da semelhança com outros verbos que expressam existência, como “existir”, “ocorrer” ou “acontecer”, os quais sofrem conjugação regular. Contudo, a impessoalidade do “haver” reside em sua função semântica específica: ele não descreve uma ação praticada por um sujeito, mas sim a existência ou ocorrência de algo. Ele indica a presença ou o fato em si, sem atribuir a responsabilidade a um agente.

Observe a diferença:

  • “Existem muitas casas naquela rua.” (Aqui, “existem” conjuga-se para concordar com o sujeito plural “casas”.)
  • “Há muitas casas naquela rua.” (Aqui, “há” permanece invariável, mesmo com o sujeito plural. A frase é correta e a flexão de “haver” para “hão” estaria incorreta.)

A regra é simples: quando o verbo “haver” significa “existir”, “ocorrer” ou “acontecer”, ele sempre ficará na terceira pessoa do singular, independente do contexto ou do número de elementos envolvidos. É incorreto dizer “haviam muitas pessoas”, “houveram acidentes” ou “haverão problemas”. As formas corretas são, respectivamente, “havia muitas pessoas”, “houve acidentes” e “haverá problemas”.

É importante ressaltar que essa impessoalidade se aplica somente ao “haver” com esses significados específicos. Em outros contextos, como no sentido de “possuir” (“Ele havia muitas terras”) ou em locuções verbais (“Eles haviam chegado tarde”), a conjugação se torna regular, seguindo as regras de concordância verbal.

Em resumo, a correta utilização do verbo “haver” impessoal demanda atenção à sua função na frase. Se ele expressar existência, ocorrência ou acontecimento, a forma verbal correta será sempre a terceira pessoa do singular, independentemente do sujeito. A persistência do erro na linguagem oral não o torna correto na escrita formal, onde a precisão gramatical é fundamental. Aprender a distinguir o “haver” impessoal dos seus usos conjugados é crucial para uma escrita clara e correta.