Quantas línguas há em Portugal?

Mais que o Português: A Diversidade Linguística em Portugal

A pergunta “Quantas línguas há em Portugal?” não possui uma resposta simples. Enquanto o português é a língua oficial e predominante, a realidade linguística portuguesa é bem mais rica e complexa do que apenas um único idioma. A afirmação de que “há apenas o português” ignora a história multifacetada e a dinâmica cultural do país, que abrigou e ainda abriga diversas línguas e dialetos, alguns em franco declínio, outros em processo de revitalização.

A variedade de português falada em Portugal, por si só, apresenta uma diversidade considerável, com regionalismos pronunciados na pronúncia, vocabulário e gramática, variando significativamente entre o norte e o sul, e mesmo entre regiões mais próximas. Estas variações, embora não sejam consideradas línguas separadas, demonstram a riqueza interna da própria língua oficial.

Para além do português, é preciso considerar as línguas imigrantes, faladas por comunidades numerosas e influentes no tecido social português. A imigração recente trouxe consigo línguas como o romeno, o ucraniano, o nepalês e o cabo-verdiano, entre muitas outras, contribuindo para um mosaico linguístico cada vez mais diversificado, principalmente nas grandes cidades. A presença destas línguas enriquece a vida social e cultural do país, mas também traz desafios em termos de integração e acesso a serviços.

Finalmente, a questão da Língua Gestual Portuguesa (LGP) merece destaque. Reconhecida como língua oficial, a LGP é fundamental para a inclusão social da comunidade surda, representando um sistema de comunicação completo e independente. Ignorá-la na discussão sobre a diversidade linguística em Portugal seria uma omissão significativa.

Em suma, responder à pergunta inicial requer uma perspectiva holística. Enquanto o português é a língua oficial e dominante, Portugal é um país plurilíngue, com uma variedade interna considerável na própria língua oficial, além de um número significativo de línguas imigrantes e a importante Língua Gestual Portuguesa. O número exato de “línguas” presentes é, portanto, relativo e depende da definição adotada, mas é inegável a existência de um cenário linguístico multifacetado e dinâmico, bem mais rico do que uma simples resposta numérica poderia sugerir. A riqueza linguística de Portugal é um reflexo da sua história, da sua diversidade cultural e da sua crescente integração numa sociedade globalizada.