Quantas línguas se falam em Portugal?

Mais do que duas línguas: a complexa realidade linguística de Portugal

A afirmação de que em Portugal se falam apenas duas línguas, o português e o mirandês, simplifica excessivamente uma realidade linguística rica e complexa. Embora o português seja a língua oficial e majoritária, e o mirandês goze de estatuto oficial regional, a paisagem linguística portuguesa é muito mais matizada do que essa breve descrição sugere. A questão não se resume a um simples número, mas sim a uma compreensão da diversidade linguística presente no país, considerando diferentes níveis de reconhecimento e uso.

O português, língua oficial de Portugal, apresenta, por si só, uma significativa variação diatópica (geográfica). As diferenças entre o português falado no Algarve, no Minho ou nas ilhas da Madeira e dos Açores são notórias, tanto na pronúncia como no vocabulário e até mesmo na gramática. Estas variações, embora pertencentes ao mesmo continuum linguístico português, demonstram a riqueza e a heterogeneidade da língua no território. A influência de substratos e superstratos históricos, bem como os contatos com outras línguas, contribuem para esta diversidade interna.

O mirandês, língua românica de origem leonesa, com estatuto oficial na região de Miranda do Douro, é um elemento essencial na pluralidade linguística portuguesa. Apesar de seu número relativamente pequeno de falantes, a sua preservação e reconhecimento oficial representam um importante marco na valorização da diversidade linguística nacional. A sua existência demonstra a riqueza histórica e cultural de Portugal, e destaca a necessidade de políticas linguísticas que promovam a sua vitalidade.

Além do português e do mirandês, é crucial considerar a presença de outras línguas em Portugal, seja por imigração ou por razões históricas: o inglês, o francês, o espanhol e outras línguas africanas, por exemplo, são faladas por comunidades significativas em várias regiões do país. Estas línguas, embora não oficiais, desempenham um papel importante na vida social e económica de Portugal, contribuindo para a sua diversidade cultural.

Portanto, responder à pergunta “Quantas línguas se falam em Portugal?” requer uma abordagem mais nuanced. Enquanto o português e o mirandês detêm estatuto oficial, a realidade é muito mais rica e diversa, incluindo uma variedade significativa de dialetos portugueses e outras línguas faladas por comunidades imigrantes e grupos minoritários. Em vez de um número fixo, a resposta ideal seria reconhecer a multiplicidade linguística como um elemento fundamental da identidade portuguesa, que enriquece e complexifica a sua paisagem cultural e social.