Quanto tempo é normal a criança ficar sem falar?

O Silêncio Antes da Palavra: Quando a Falta de Fala em Crianças Preocupa?

A ansiedade dos pais em relação ao desenvolvimento da fala dos filhos é compreensível. Afinal, a comunicação verbal é fundamental para a interação social e o aprendizado. Mas, quanto tempo é “normal” uma criança ficar sem falar? A resposta, infelizmente, não é um número mágico. O desenvolvimento infantil é um processo individual e complexo, com variações significativas entre as crianças.

A afirmação de que a maioria das crianças começa a falar entre 12 e 18 meses de idade é um guia geral, mas não uma regra inflexível. Algumas crianças podem começar a balbuciar e a pronunciar palavras soltas antes dos 12 meses, enquanto outras podem demorar um pouco mais, iniciando a fala por volta dos 24 meses. Essa variação é influenciada por diversos fatores, incluindo:

• Fatores genéticos: A predisposição genética pode influenciar o tempo de aquisição da linguagem. Se os pais aprenderam a falar mais tarde, a criança pode apresentar um desenvolvimento semelhante.

• Ambiente linguístico: A exposição à linguagem rica e estimulante é crucial. Crianças que convivem com adultos que falam frequentemente e utilizam uma linguagem variada tendem a desenvolver a fala mais precocemente. O contrário também é verdadeiro: ambientes com pouca interação verbal podem atrasar o processo.

• Interação social: O contato com outras crianças e adultos estimula a comunicação. Brincadeiras interativas, onde a criança precisa se comunicar para expressar suas necessidades e desejos, são fundamentais.

• Características individuais: Assim como em outras áreas do desenvolvimento, cada criança possui seu próprio ritmo. Algumas são mais observadoras e introspectivas, preferindo absorver informações antes de se expressar verbalmente.

Quando buscar ajuda profissional?

Embora a variação seja esperada, é importante ficar atento a alguns sinais que podem indicar um possível atraso na fala:

• Ausência de balbucios ou vocalizações aos 12 meses: Mesmo sem palavras formadas, a criança deve demonstrar tentativas de comunicação através de sons e gestos.

• Pouca ou nenhuma tentativa de imitação de sons ou palavras aos 18 meses: A repetição de sons e palavras é um marco importante no desenvolvimento da linguagem.

• Dificuldade em compreender instruções simples aos 24 meses: Se a criança não compreende comandos básicos, como “dá a bola”, “vem aqui”, pode haver um atraso no desenvolvimento da linguagem receptiva.

• Vocabulário muito limitado aos 24 meses: Se a criança utiliza poucas palavras, mesmo que apresente compreensão, é importante buscar avaliação.

• Ausência de frases aos 30 meses: A capacidade de construir frases, mesmo que simples, é um indicador importante do desenvolvimento da linguagem expressiva.

Conclusão:

A ausência de fala em uma criança não deve ser motivo de pânico imediato, mas sim de observação atenta. Acompanhe o desenvolvimento da criança, observando seus progressos e interações. Se houver alguma preocupação em relação ao tempo de aquisição da linguagem, procure um pediatra ou fonoaudiólogo para uma avaliação profissional. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso da intervenção, garantindo que a criança alcance seu pleno potencial de comunicação. Lembre-se: a comunicação é um processo gradual e o apoio adequado pode fazer toda a diferença.