Como se processa o diagnóstico de autismo em Portugal?

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O autismo é geralmente diagnosticado com base na observação e histórico de desenvolvimento da criança. Embora a causa exata seja desconhecida para a maioria dos casos, há evidências de um componente genético. Alguns pacientes podem ter condições médicas associadas.

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Diagnóstico de Autismo em Portugal: Um Olhar Atualizado

O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Portugal, assim como em outras partes do mundo, é um processo complexo e multidisciplinar que requer observação cuidadosa e avaliação por profissionais especializados. Não existe um exame de sangue ou imagem que detecte o autismo, o que torna o diagnóstico baseado em análise comportamental e desenvolvimento da criança. Este artigo visa esclarecer como esse processo se desenrola em Portugal, trazendo informações atuais e relevantes.

O percurso diagnóstico geralmente inicia-se com a suspeita por parte de pais, educadores ou profissionais de saúde, que observam comportamentos e características sugestivas de TEA na criança. Entre esses sinais, destacam-se: dificuldades na comunicação social (verbal e não-verbal), padrões repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, e sensibilidade sensorial atípica (hipo ou hipersensibilidade a estímulos). A idade em que a suspeita surge varia, mas geralmente os sinais tornam-se mais evidentes entre os 18 meses e os 3 anos de idade.

Em Portugal, o primeiro passo, após a suspeita inicial, geralmente envolve a consulta com o médico de família ou pediatra. Este profissional fará uma avaliação preliminar e, caso considere pertinente, encaminhará a criança para uma equipe multidisciplinar especializada em TEA. Essas equipes, geralmente presentes em Centros de Desenvolvimento da Criança (CDC) ou em serviços hospitalares de neuropediatria e pedopsiquiatria, são compostas por diversos profissionais, como:

  • Pediatra de Desenvolvimento: Responsável por coordenar a avaliação e o plano de intervenção.
  • Psicólogo: Realiza avaliações neuropsicológicas para analisar as habilidades cognitivas, a comunicação, a interação social e os comportamentos da criança.
  • Terapeuta da Fala: Avalia as competências de comunicação e linguagem, oral e não-verbal.
  • Terapeuta Ocupacional: Avalia e intervém nas áreas de autonomia, processamento sensorial e participação em atividades da vida diária.
  • Assistente Social: Fornece apoio e orientação à família, ajudando-a a navegar pelos recursos disponíveis.

A avaliação diagnóstica envolve a observação direta da criança, entrevistas com os pais e cuidadores, análise do histórico de desenvolvimento e a aplicação de instrumentos de avaliação padronizados, como o ADOS-2 (Autism Diagnostic Observation Schedule, 2ª edição) e o ADI-R (Autism Diagnostic Interview-Revised). Em alguns casos, podem ser solicitados exames complementares para descartar outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes ao TEA.

O diagnóstico é baseado nos critérios definidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ou na Classificação Internacional de Doenças (CID-11). É importante ressaltar que o diagnóstico de TEA é clínico, ou seja, não há um marcador biológico específico. O processo pode levar algum tempo, sendo fundamental a colaboração da família e a comunicação aberta entre os profissionais e os pais.

Após a confirmação do diagnóstico, a equipe multidisciplinar elabora um plano de intervenção individualizado, com base nas necessidades e características específicas da criança. Esse plano pode incluir terapias comportamentais, intervenções educacionais, terapia da fala, terapia ocupacional e apoio psicossocial para a família. O objetivo é promover o desenvolvimento da criança, maximizar o seu potencial e melhorar a sua qualidade de vida.

Finalmente, é importante salientar que o diagnóstico precoce e o acesso a intervenções adequadas são cruciais para o desenvolvimento das crianças com TEA. A informação e a conscientização da sociedade são fundamentais para a quebra de estigmas e a construção de uma sociedade mais inclusiva.