O que é borderline na psicologia?

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O Transtorno de Personalidade Limítrofe (Borderline) é um quadro psicológico marcado por instabilidade emocional, mudanças bruscas na autoimagem e nos relacionamentos. Caracteriza-se também por impulsividade e comportamentos autodestrutivos, como automutilação ou tentativas de suicídio.

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Além da Superfície: Desvendando o Transtorno de Personalidade Borderline

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), comumente chamado apenas de “borderline”, é um enigma psicológico que desafia rótulos simplistas e exige uma compreensão profunda de sua complexidade. Mais do que uma simples instabilidade emocional, como muitas vezes é superficialmente descrito, o TPB representa um padrão persistente de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, acompanhado por impulsividade significativa, que se manifesta desde o início da idade adulta e está presente em diversos contextos.

Ao contrário de uma crise momentânea, o TPB é um transtorno de personalidade, ou seja, um padrão profundo e arraigado de funcionamento psicológico que afeta a maneira como a pessoa pensa, sente e se relaciona com o mundo. A instabilidade emocional é a sua marca registrada, mas não a define completamente. Imagine ondas furiosas em um mar tempestuoso: a intensidade emocional é avassaladora, transitando rapidamente entre extremos – de euforia intensa a profunda depressão, de raiva explosiva a desesperada necessidade de aprovação. Essas mudanças drásticas podem acontecer em questão de horas ou até mesmo minutos.

A instabilidade na autoimagem é igualmente significativa. A pessoa com TPB pode ter dificuldade em definir quem é, flutuando entre sentimentos de vazio, inferioridade e uma grandiosidade inflada e irreal. Essa insegurança na própria identidade se reflete em relacionamentos instáveis e intensos, caracterizados por idealização e desvalorização frequentes das pessoas próximas. O medo do abandono é um dos pilares do TPB, podendo levar a comportamentos desesperados para evitar a separação, mesmo que isso signifique manipulação ou sabotagem do relacionamento.

A impulsividade é outro traço marcante. Ela pode se manifestar em diversas áreas da vida, incluindo gastos excessivos, abuso de substâncias, direção imprudente, sexo de risco e, preocupantemente, automutilação ou tentativas de suicídio. A automutilação, frequentemente, não é um ato de busca pela morte, mas sim uma forma de lidar com a intensa dor emocional, um mecanismo mal-adaptativo para regular afetos avassaladores.

É importante ressaltar que nem todos os indivíduos que apresentam alguns desses sintomas possuem TPB. O diagnóstico requer uma avaliação profissional minuciosa por um especialista em saúde mental, que considerará a duração, a intensidade e o impacto desses padrões na vida da pessoa. Além disso, é crucial diferenciar o TPB de outros transtornos de personalidade ou condições de saúde mental com sintomas sobrepostos.

Em suma, o Transtorno de Personalidade Borderline é um transtorno complexo e multifacetado que exige uma abordagem terapêutica individualizada e cuidadosa. Com o tratamento adequado, que geralmente inclui terapia (como a Terapia Dialética Comportamental – DBT), muitos indivíduos com TPB podem aprender a gerenciar seus sintomas, melhorar suas relações interpessoais e construir uma vida mais plena e significativa. Desmistificar o TPB, compreendendo sua complexidade e evitando estigmatizações, é o primeiro passo para oferecer suporte e esperança a quem convive com este desafio.