O que é disfasia na enfermagem?

Disfagia na Enfermagem: Um Olhar Multidisciplinar

A disfagia, frequentemente confundida com disfasia (que se refere a dificuldades na linguagem), é um sintoma caracterizado pela dificuldade em engolir, seja ela parcial ou completa. Na prática da enfermagem, o conhecimento abrangente sobre a disfagia é crucial, pois representa um desafio que exige uma abordagem multidisciplinar e um cuidadoso plano de cuidados. Este artigo discute a disfagia sob a perspectiva da enfermagem, abordando suas manifestações, avaliação e o papel fundamental da equipe de saúde na prevenção de complicações.

Manifestações Clínicas e Diagnóstico:

A disfagia pode apresentar-se de diversas formas, variando em intensidade e dependendo da causa subjacente. O paciente pode relatar:

• Sensação de alimento preso no esôfago: Uma das queixas mais comuns, com a sensação de obstrução na garganta ou no peito.
• Dor ao engolir (odinofagia): Associada frequentemente à inflamação ou irritação do esôfago.
• Tosse ou engasgo durante ou após a deglutição: Indicativo de aspiração, ou seja, entrada de alimento ou líquido na traqueia.
• Regurgitação: Retorno do alimento para a boca.
• Salivação excessiva: Mecanismo de compensação para lubrificar o bolo alimentar.
• Perda de peso: Consequência da dificuldade de ingerir alimentos adequadamente.
• Desidratação: Resultante da restrição hídrica por medo de engasgar.

O diagnóstico da disfagia requer uma avaliação multidisciplinar, envolvendo médicos (otorrinolaringologistas, gastroenterologistas, neurologistas), fonoaudiólogos e enfermeiros. A anamnese detalhada, incluindo a descrição dos sintomas, o tipo de alimento que causa maior dificuldade, a duração dos sintomas e a presença de outras condições médicas, é fundamental. Exames complementares, como endoscopia digestiva alta, estudos de deglutição com videofluoroscopia e manometria esofágica, podem ser necessários para identificar a causa e o local da disfagia.

O Papel da Enfermagem no Manejo da Disfagia:

A enfermagem desempenha um papel vital no cuidado de pacientes com disfagia, atuando em várias frentes:

• Avaliação: A enfermeira realiza uma avaliação completa do estado nutricional, da hidratação, da capacidade de deglutição e da presença de complicações como pneumonia aspirativa. A observação cuidadosa durante as refeições é crucial.
• Educação: Instruir o paciente e a família sobre as modificações necessárias na dieta, as técnicas de deglutição seguras e os sinais de alerta para procurar ajuda médica imediata.
• Monitoramento: Monitorar de perto a ingestão de líquidos e alimentos, o peso, a hidratação e a presença de sinais de aspiração (tosse, engasgo, febre, alterações respiratórias).
• Assistência na alimentação: Auxiliar o paciente na alimentação, caso necessário, utilizando estratégias adequadas e observando atentamente os sinais de desconforto.
• Prevenção de complicações: Implementar medidas para prevenir a pneumonia aspirativa, como posicionamento adequado durante a alimentação, higiene oral rigorosa e administração de medicamentos conforme prescrição médica.
• Colheita de dados: Registrar cuidadosamente todas as informações relevantes, como a consistência da dieta, a quantidade ingerida, a presença de sintomas e a resposta ao tratamento.

Conclusão:

A disfagia representa um desafio significativo para os pacientes e para a equipe de saúde. A abordagem multidisciplinar, com a enfermagem desempenhando um papel central na avaliação, monitoramento e educação, é essencial para garantir a segurança, a qualidade de vida e a prevenção de complicações graves em indivíduos com essa condição. A capacitação contínua da equipe de enfermagem sobre as diferentes manifestações da disfagia, bem como as estratégias de prevenção e tratamento, é crucial para o sucesso da assistência.