Porque é que a língua fica cortada dos lados?

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A língua fissurada, ou língua escrotal, caracteriza-se por sulcos ou fissuras benignas na superfície superior da língua. Sua causa permanece desconhecida, embora seja frequentemente associada a condições como Síndrome de Down, acromegalia e psoríase. A condição em si não apresenta riscos à saúde.

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A Língua Fissurada: Um Mistério na Boca

A língua, órgão tão fundamental para a nossa comunicação e paladar, pode apresentar uma peculiaridade que intriga muitos: a presença de fissuras, ou sulcos, em sua superfície superior, conferindo-lhe um aspecto às vezes comparado ao de uma casca de noz ou, como é popularmente conhecido, de “língua escrotal”. Essa condição, denominada língua fissurada ou língua scrotal (lingua fissurata, em termos médicos), caracteriza-se por múltiplas ranhuras e depressões que variam em profundidade e extensão, podendo se ramificar e interconectar. Apesar de sua aparência peculiar, a língua fissurada é, na maioria das vezes, um achado benigno, sem causar qualquer prejuízo à saúde.

A grande questão que permanece em aberto é: por que algumas pessoas desenvolvem essa condição e outras não? A verdade é que a causa exata da língua fissurada ainda é desconhecida pela ciência. Diversos fatores genéticos e ambientais são suspeitos, mas nenhuma relação causal definitiva foi estabelecida. O que se sabe é que a condição apresenta uma forte predisposição genética, sendo observada com maior frequência em indivíduos com histórico familiar.

Apesar de sua etiologia enigmática, algumas associações foram observadas. Estudos apontam uma maior prevalência de língua fissurada em indivíduos com:

  • Síndrome de Down: A presença de fissuras linguais é um achado relativamente comum em pessoas com Síndrome de Down, provavelmente devido a alterações no desenvolvimento embrionário.
  • Acromegalia: Esta condição, caracterizada pelo excesso de hormônio do crescimento, também apresenta associação com a língua fissurada. A hipertrofia lingual, comum na acromegalia, pode contribuir para o aparecimento das fissuras.
  • Psoríase: Pacientes com psoríase, uma doença inflamatória crônica da pele, demonstram uma maior incidência de língua fissurada. A relação entre ambas as condições permanece incerta, mas pode estar relacionada a fatores inflamatórios sistêmicos.
  • Outras condições: Outras associações menos frequentes incluem a síndrome de Melkersson-Rosenthal e a língua geográfica (uma condição benigna caracterizada por áreas eritematosas na língua).

É importante destacar que a língua fissurada não é, em si, uma doença. Ela não causa dor, inchaço ou dificuldades na fala ou mastigação, a menos que haja acúmulo de restos alimentares nas fissuras, levando à irritação e inflamação. Nesses casos, uma higiene bucal cuidadosa, com escova macia e fio dental, é fundamental para prevenir infecções. Em situações excepcionais, se as fissuras forem muito profundas ou houver sintomas como dor intensa e inflamação persistente, a consulta a um dentista ou otorrinolaringologista é recomendada para descartar outras patologias.

Em resumo, a língua fissurada permanece um enigma médico. Sua origem multifatorial, com forte componente genético e associações com outras condições, exige mais pesquisas para um entendimento completo. No entanto, a sua presença, na maioria dos casos, não representa um risco à saúde e não requer tratamento específico, apenas atenção à higiene oral. A compreensão de suas características e possíveis associações permite a tranquilidade daqueles que a apresentam, minimizando preocupações desnecessárias.