Quais hormônios liberamos quando estamos apaixonados?

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Quando apaixonados, liberamos hormônios da felicidade:

  • Ocitocina
  • Dopamina
  • Serotonina
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A química do amor: muito além da paixão

O amor, esse sentimento tão complexo e universal, tem uma base biológica fascinante. Enquanto a poesia e a literatura exploram a sua dimensão subjetiva, a neurociência desvenda os mecanismos complexos que o sustentam, revelando um coquetel hormonal que nos deixa “em cima da lua”. Apesar de frequentemente associados à “felicidade”, os hormônios liberados durante a fase apaixonada desempenham papéis muito mais sutis e intrincados do que a mera sensação de bem-estar.

Comumente, a explicação se resume à tríade da dopamina, serotonina e ocitocina. No entanto, essa simplificação, embora útil como ponto de partida, ignora a riqueza e a nuance da cascata hormonal envolvida. Vamos explorar cada um desses hormônios e o seu impacto na experiência apaixonada, indo além da mera lista:

Dopamina: o combustível da busca

A dopamina não é apenas um “hormônio da felicidade”, mas sim um neurotransmissor crucial no sistema de recompensa do cérebro. Quando estamos apaixonados, a liberação de dopamina cria uma sensação intensa de prazer e motivação, impulsionando-nos a buscar a presença da pessoa amada. Essa busca, aliás, é o motor central da fase inicial do enamoramento. A dopamina nos faz sentir excitados, energizados e focados na pessoa que despertou nosso interesse, tornando-a o centro do nosso universo. A redução dos níveis de dopamina, em momentos de separação ou rejeição, explica a sensação de desânimo e angústia característica dessas situações.

Serotonina: a obsessão apaixonada

A serotonina, frequentemente associada ao bem-estar e ao equilíbrio emocional, sofre uma redução significativa durante a fase inicial do amor romântico. Esta diminuição, paradoxalmente, contribui para a obsessão e a fixação na pessoa amada, tornando-a o foco central de nossos pensamentos e ações. Em níveis baixos, a serotonina pode intensificar comportamentos compulsivos, justificando a tendência à idealização e a dificuldade em se desligar do objeto de afeição, mesmo em situações potencialmente nocivas.

Ocitocina: o cimento do vínculo

Ao contrário da dopamina e da serotonina, cuja liberação é mais intensa na fase inicial, a ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, desempenha um papel crucial na construção do vínculo a longo prazo. Ela promove sentimentos de confiança, segurança e apego, fortalecendo o laço entre as pessoas. Liberada durante o contato físico, especialmente o abraço e o ato sexual, a ocitocina contribui para a sensação de proximidade e conexão emocional, cementando o relacionamento e promovendo a estabilidade.

Para além da tríade: um sistema complexo

É fundamental destacar que a experiência apaixonada não se resume a esses três hormônios. Outros neurotransmissores e hormônios, como a noradrenalina (responsável pelo aumento da frequência cardíaca e da excitação), o cortisol (associado ao estresse e à ansiedade) e os endorfínios (analgésicos naturais), também estão envolvidos neste processo complexo e dinâmico. A interação desses compostos químicos, em diferentes concentrações e momentos, cria a rica tapeçaria da experiência amorosa, que varia de pessoa para pessoa e ao longo do tempo.

Em resumo, a química do amor é bem mais complexa do que uma simples combinação de “hormônios da felicidade”. Entender a influência desses compostos químicos permite-nos compreender melhor a dinâmica das relações afetivas, os seus altos e baixos, e a importância do equilíbrio hormonal na construção e manutenção de um relacionamento saudável e duradouro.