Qual a doença que troca as palavras?

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A dislalia é a dificuldade na articulação de sons. A dislalia evolutiva é comum em crianças pequenas, geralmente resolvendo-se espontaneamente. Já a dislalia funcional ocorre quando há substituições, acréscimos ou distorções de sons durante a fala.

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A Confusão das Palavras: Desvendando a Parafasia

A dificuldade em encontrar as palavras certas ou, pior, usar palavras erradas ao falar, é uma experiência frustrante e, muitas vezes, angustiante. Embora popularmente se diga que a pessoa “troca as palavras”, esse sintoma não define uma única doença, mas sim um conjunto de manifestações que podem estar presentes em diversas condições neurológicas e psiquiátricas. O termo técnico para essa dificuldade é parafasia.

Diferentemente da dislalia, que afeta a articulação dos sons, a parafasia compromete a seleção e a produção das palavras, levando à utilização de termos inadequados ou à incapacidade de encontrar a palavra correta. É crucial entender essa distinção: alguém com dislalia pode articular mal a palavra “cadeira”, pronunciando-a como “cadéia”, enquanto alguém com parafasia pode dizer “mesa” quando se refere a “cadeira”, ou simplesmente ficar sem palavras para descrever o objeto.

Existem diversos tipos de parafasia, classificadas pela natureza do erro cometido:

  • Parafasia fonêmica (ou literal): O indivíduo substitui, acrescenta ou omite fonemas (sons) na palavra, criando uma palavra semelhante à correta, mas incorreta. Exemplo: dizer “cadera” ao invés de “cadeira”. Esse tipo de parafasia lembra a dislalia funcional, mas a diferença fundamental está na intenção: na dislalia, a dificuldade é articulatória; na parafasia fonêmica, a dificuldade está na seleção da palavra correta.

  • Parafasia semântica: Ocorre quando a palavra utilizada tem significado relacionado à palavra correta, mas não é a palavra certa. Exemplo: dizer “mesa” ao invés de “cadeira”, ou “garfo” ao invés de “faca”. Há uma relação semântica (de significado) entre a palavra escolhida e a pretendida.

  • Parafasia neológica (ou verbal): O indivíduo inventa palavras que não existem na língua, sem relação aparente com a palavra correta. Exemplo: dizer “cadileira” ao invés de “cadeira”. Essas palavras são frequentemente ininteligíveis para o ouvinte.

  • Parafasia gráfica (escrita): Similar aos tipos acima, mas se manifesta na escrita, com substituições, adições ou omissões de letras, ou criação de palavras inexistentes.

A parafasia pode ser um sintoma de diversas condições, incluindo:

  • Afasias: Distúrbios de linguagem causados por lesões cerebrais, geralmente decorrentes de acidentes vasculares cerebrais (AVC). A severidade e o tipo de parafasia variam dependendo da localização e extensão da lesão.

  • Demências: Doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, podem causar parafasia progressiva, com perda gradual da capacidade de encontrar e usar as palavras adequadamente.

  • Traumatismo cranioencefálico (TCE): Lesões cerebrais traumáticas podem levar a diversos déficits cognitivos, incluindo a parafasia.

  • Esquizofrenia: Em alguns casos, a parafasia pode ser um sintoma da esquizofrenia, frequentemente associada a outros sintomas psicóticos.

É importante ressaltar que a presença de parafasia requer avaliação médica completa para determinar a causa subjacente. O diagnóstico preciso permite o tratamento adequado, que pode incluir terapia da fala, medicamentos ou outras intervenções, dependendo da condição diagnosticada. Se você ou alguém que você conhece apresenta dificuldades significativas em encontrar ou usar as palavras adequadamente, procure ajuda profissional. A identificação precoce e o tratamento adequado são cruciais para melhorar a qualidade de vida e a comunicação.