Como acalmar uma pessoa com autismo?

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A melhor abordagem para acalmar alguém com autismo varia muito dependendo da pessoa e da situação. Observe atentamente os sinais de desconforto e adapte sua resposta. Oferecer um espaço tranquilo, reduzir estímulos sensoriais e comunicação clara e concisa, às vezes com auxílio de imagens, podem ser úteis. A paciência e o respeito são fundamentais.

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Navegando em Águas Calmas: Como Acalmar Alguém com Autismo

O autismo é um espectro, e assim como as impressões digitais, cada indivíduo autista apresenta uma experiência única. Não existe uma fórmula mágica para acalmar alguém com autismo, pois o que funciona para uma pessoa pode ser completamente contraproducente para outra. A chave está na observação atenta, na empatia e na flexibilidade.

Em vez de buscar um método universal, foquemos em entender os sinais de desconforto e adaptar nossa abordagem a cada situação específica. Observe atentamente a linguagem corporal da pessoa: gestos repetitivos, cobertura dos ouvidos, choro, retraimento, agitação, mudanças bruscas de humor, podem ser indicadores de sobrecarga sensorial ou ansiedade.

Desvendando os Sinais de Sobrecarga:

Antes de tentar acalmar alguém, é crucial identificar a causa do desconforto. A sobrecarga sensorial, frequentemente um gatilho para comportamentos desafiadores, pode se manifestar de diversas formas:

  • Sobrecarga visual: Luzes brilhantes, muita informação visual (muitas pessoas, objetos coloridos, etc.) podem ser extremamente desconfortáveis.
  • Sobrecarga auditiva: Ruídos altos, música alta, conversas simultâneas podem gerar angústia.
  • Sobrecarga tátil: Texturas incomodas em roupas, toques inesperados ou sensações táteis intensas.
  • Sobrecarga olfativa: Cheiros fortes, como perfumes ou comidas com aromas intensos.
  • Sobrecarga gustativa: Texturas ou sabores inesperados podem causar rejeição e desconforto.
  • Sobrecarga proprioceptiva: Sensação de desequilíbrio ou desconforto com o próprio corpo no espaço.

Estratégias para Acalmar:

Com a causa identificada (ou pelo menos uma suposição plausível), podemos implementar estratégias de acalamento:

  • Reduza os estímulos: Leve a pessoa para um ambiente mais tranquilo, com menos luzes, sons e movimento. Um quarto escuro e silencioso, ou um espaço com pouca iluminação e um som ambiente suave (som de chuva, por exemplo) podem ser eficazes.
  • Comunicação clara e concisa: Evite perguntas abertas ou instruções complexas. Utilize frases curtas e diretas, focadas no que você precisa comunicar. Explique o que está acontecendo e o que você pretende fazer.
  • Apoio visual: Utilize imagens, objetos concretos ou gestos para facilitar a compreensão, especialmente se a pessoa tem dificuldades de processamento da linguagem.
  • Espaço pessoal: Respeite o espaço pessoal da pessoa. Não a toque sem consentimento, e permita que ela se afaste se precisar de mais espaço.
  • Oferecer escolhas: Dar à pessoa a sensação de controle pode ser muito útil. Ofereça algumas opções limitadas (ex: “Você prefere água ou suco?”) em vez de perguntas abertas.
  • Respiração profunda: Ensinar e praticar técnicas de respiração profunda pode ajudar a reduzir a ansiedade, mas apenas se a pessoa estiver receptiva a isso.
  • Objetos de conforto: Se a pessoa tem objetos de conforto (brinquedos, mantas, etc.), permita que ela os utilize.
  • Tempo: Às vezes, o melhor a fazer é simplesmente dar tempo e espaço para que a pessoa se acalme naturalmente.

O que NÃO fazer:

  • Forçar o contato: Não force a pessoa a interagir ou participar de atividades se ela estiver visivelmente desconfortável.
  • Minimizar os sentimentos: Não diga coisas como “Isso não é nada” ou “Pare de ser dramático”.
  • Gritar ou aumentar o tom de voz: Isso só irá piorar a situação.
  • Julgar ou menosprezar: Lembre-se que o comportamento desafiador é frequentemente uma resposta a uma experiência sensorial ou emocional avassaladora.

Acalmar alguém com autismo exige paciência, empatia e, acima de tudo, adaptação. Observe, compreenda e responda de forma individualizada. Conhecer a pessoa e suas necessidades específicas é fundamental para construir uma abordagem eficaz e respeitosa. Se você estiver lidando com comportamentos persistentes e desafiadores, procure ajuda profissional. Existem terapeutas e especialistas capacitados para auxiliar nesse processo.