Como a pessoa surda aprende a ler?

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A abordagem bilíngue para alunos surdos prioriza a Língua de Sinais como primeira língua, facilitando a aquisição da língua portuguesa como segunda língua. O domínio precoce da Língua de Sinais proporciona base sólida para o desenvolvimento da leitura e escrita, otimizando o processo de alfabetização. A criança, assim, desenvolve-se linguisticamente de forma mais completa e natural.

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Como a Pessoa Surda Apreende a Ler? A Importância da Abordagem Bilíngue

A alfabetização de pessoas surdas exige uma abordagem específica, que reconheça a riqueza e a importância da Língua de Sinais (LS) como primeira língua. A abordagem bilíngue se apresenta como a mais eficaz, contrastando com métodos que ignoram ou relegam a LS a um papel secundário.

Diferentemente da experiência de ouvintes, que adquirem a linguagem oral e escrita simultaneamente desde a infância, a pessoa surda precisa de um caminho que considere a LS como sua primeira língua. Ao promover a LS como meio primário de comunicação e aprendizado, a abordagem bilíngue permite que a criança surda desenvolva um repertório linguístico mais amplo e robusto desde cedo.

A Língua de Sinais, em sua estrutura gramatical e semântica peculiar, é uma língua completa, capaz de expressar toda a complexidade do pensamento. Aprender a LS, portanto, não é apenas adquirir um código para expressar necessidades básicas, mas sim construir um sistema linguístico rico e complexo, fundamental para o desenvolvimento cognitivo.

O domínio precoce da LS proporciona uma base sólida para a aquisição da língua portuguesa (ou da língua majoritária da região). A criança surda, ao ter sua primeira língua valorizada e estimulada, desenvolve um repertório lexical e sintático mais vasto na LS, o que facilita a aquisição da língua escrita. Isso ocorre porque a LS, ao ser sua língua materna, permite um desenvolvimento linguístico mais natural e completo, proporcionando maior capacidade de compreensão e expressão na língua escrita.

A alfabetização, nesse contexto, não é um processo de imposição de uma segunda língua, mas uma jornada de aprendizado paralelo e interligado. A criança surda utiliza seu conhecimento prévio da LS para compreender e internalizar o sistema da língua escrita. A ligação entre a LS e a escrita, como representações diferentes do mesmo conceito, torna o processo mais natural e intuitivo, evitando obstáculos que surgem de uma abordagem que desconsidera a LS como base fundamental.

A abordagem bilíngue não se limita a um método passivo de transmissão da escrita. Ela envolve uma integração dinâmica e interativa entre a LS e a língua escrita. Recursos visuais, gestos e a própria riqueza da LS, aliada à metodologia adequada, são cruciais para a compreensão dos princípios da escrita.

Em resumo, a alfabetização de pessoas surdas não pode ser encarada como uma tarefa simples de aprendizagem de um sistema de símbolos. O sucesso depende da compreensão e valorização da LS, como língua materna. A abordagem bilíngue reconhece esse elemento fundamental, conduzindo a um processo de aprendizado mais eficaz e, consequentemente, a uma educação mais completa e inclusiva para a pessoa surda. É essencial, portanto, que professores e profissionais que trabalham com surdos estejam preparados para utilizar essa abordagem, garantindo o sucesso educacional e linguístico da criança surda.