Como saber se o texto está em 1 ou 3a pessoa?

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A narrativa possui diferentes focos, dependendo do ponto de vista do narrador. Na primeira pessoa, o narrador participa da história, usando eu, mim, meu. Já na terceira pessoa, ele observa a história de fora, utilizando pronomes como ele, ela, eles, elas. A escolha define o nível de envolvimento do leitor com a narrativa.

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Como Identificar a Pessoa do Discurso em um Texto

A narrativa, como instrumento de comunicação, pode assumir diferentes vozes. A escolha entre a primeira e a terceira pessoa não é meramente uma questão gramatical; ela molda a experiência do leitor, alterando o nível de imersão e a perspectiva sobre os acontecimentos. Compreender a pessoa do discurso é fundamental para uma leitura atenta e crítica, permitindo que o leitor se aprofunde no significado do texto.

A primeira pessoa (também chamada de narrador-personagem) coloca o leitor diretamente no interior da história. O narrador, utilizando pronomes como “eu”, “mim”, “meu”, “minha”, “nosso”, “nossa”, participa ativamente dos eventos narrados. Essa perspectiva confere ao leitor uma imersão mais profunda, permitindo uma experiência mais visceral e empática. O leitor acompanha as emoções, pensamentos e percepções do narrador, como se estivesse vivendo a história junto dele. Há um laço mais próximo com a subjetividade do protagonista.

Por exemplo, um diário pessoal, ou uma autobiografia, frequentemente utilizam a primeira pessoa. A voz do autor é central, conduzindo a narrativa e revelando suas próprias impressões. Essa proximidade, porém, pode ter desvantagens: a narrativa pode ser parcial, refletindo apenas a visão do narrador. Sentimentos e julgamentos pessoais podem influenciar a percepção dos acontecimentos, distanciando o leitor de uma visão objetiva da realidade.

Em contraste, a terceira pessoa (narrador-observador) mantém uma distância da história. O narrador, utilizando pronomes como “ele”, “ela”, “eles”, “elas”, “o”, “a”, “os”, “as”, “seu”, “sua”, “seus”, descreve os eventos e os personagens de fora. O leitor se torna um espectador, observando os acontecimentos e os personagens sem a interferência direta dos sentimentos e pensamentos de um protagonista em particular. Esta perspectiva permite uma visão mais ampla, possibilitando uma compreensão mais abrangente dos acontecimentos e das relações entre os personagens.

Um romance histórico, por exemplo, frequentemente se vale da terceira pessoa para estabelecer um distanciamento temporal e cultural, permitindo que o leitor observe a sociedade e os indivíduos de maneira mais objetiva.

Identificar a pessoa do discurso não é simplesmente encontrar os pronomes; a escolha está ligada à intenção do autor. Mesmo em narrativas em terceira pessoa, a voz do narrador pode ser marcada por emoções e opiniões, alterando ligeiramente a distância entre o leitor e a história. Por outro lado, em narrativas em primeira pessoa, a voz do narrador pode ser mais controlada ou manipulada pelo autor, permitindo um maior controle da experiência do leitor.

Em resumo, a escolha entre a primeira e a terceira pessoa molda a relação entre o leitor e o texto, influenciando a maneira como o leitor entende os personagens, os eventos e, consequentemente, o significado da narrativa como um todo. A análise da pessoa do discurso é uma ferramenta fundamental para uma leitura mais rica e profunda.