Como saber se um verbo é pessoal ou impessoal?

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Verbos pessoais possuem conjugações em todas as pessoas gramaticais (eu, tu, ele/ela/você, nós, vós, eles/elas/vocês). Já os impessoais, como os que indicam fenômenos naturais (chover, nevar, etc.), apresentam apenas a terceira pessoa do singular (ele/ela/você). A concordância verbal se altera de acordo com essa classificação.

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Desvendando o Mistério: Verbos Pessoais vs. Impessoais e o Impacto na Concordância

A língua portuguesa, com sua riqueza e nuances, frequentemente nos apresenta desafios. Um dos pontos que podem gerar dúvidas é a classificação dos verbos em pessoais e impessoais. Entender essa diferença não é apenas uma questão gramatical, mas sim a chave para uma concordância verbal impecável e uma comunicação mais clara e eficaz.

Este artigo se propõe a dissecar essa distinção, indo além da definição básica e explorando os meandros que envolvem o uso desses verbos, fornecendo exemplos práticos e dicas para você nunca mais tropeçar nesse tópico.

A Essência da Distinção: Presença ou Ausência de Sujeito

A premissa fundamental para distinguir verbos pessoais de impessoais reside na identificação do sujeito.

  • Verbos Pessoais: São aqueles que se referem a um sujeito específico, seja ele expresso (explícito na frase) ou implícito (identificado pelo contexto ou pela terminação verbal). Eles admitem conjugação em todas as pessoas gramaticais: eu, tu, ele/ela/você, nós, vós, eles/elas/vocês. A concordância verbal, nesse caso, é a regra geral: o verbo concorda em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito.

    • Exemplos:
      • Eu estudo português. (Sujeito expresso: “Eu”)
      • Cantamos alegremente. (Sujeito implícito: “Nós”)
      • Maria preparou o jantar. (Sujeito expresso: “Maria”)
  • Verbos Impessoais: Ao contrário, são aqueles que não se referem a um sujeito específico. Em outras palavras, não existe um ser que pratique a ação expressa pelo verbo. Por essa razão, eles são conjugados apenas na terceira pessoa do singular. A frase com um verbo impessoal não tem sujeito, classificando-se como oração sem sujeito.

Os Domínios dos Verbos Impessoais: Uma Exploração Detalhada

É importante notar que a impessoalidade do verbo não é uma característica inerente a ele, mas sim dependente do contexto em que é utilizado. Alguns verbos podem ser pessoais em certas situações e impessoais em outras.

  1. Fenômenos da Natureza: Essa é a categoria mais conhecida e facilmente identificável. Verbos como chover, nevar, ventar, trovejar, gear, relampejar são impessoais quando indicam fenômenos meteorológicos.

    • Exemplos:
      • Choveu muito ontem à noite.
      • Nevou na Serra da Mantiqueira.
      • Ventava forte no litoral.

    Atenção: Se esses verbos forem usados em sentido figurado, ou seja, não denotando um fenômeno natural, eles passam a ser pessoais.

    • Exemplo: Choveram críticas sobre o filme. (Nesse caso, “críticas” é o sujeito, e o verbo “chover” é pessoal.)
  2. Verbo “Haver” (no sentido de existir ou ocorrer): Quando o verbo “haver” é sinônimo de “existir” ou “ocorrer”, ele é impessoal.

    • Exemplos:
      • Havia muitas pessoas na festa. (Existiam muitas pessoas na festa.)
      • Houve um acidente na rodovia. (Ocorreu um acidente na rodovia.)

    Atenção: O verbo “haver” deixa de ser impessoal se estiver auxiliando outro verbo.

    • Exemplo: Eles haviam chegado cedo. (Nesse caso, “haviam” é auxiliar do verbo “chegar”.)
  3. Verbo “Fazer” (indicando tempo decorrido): Quando o verbo “fazer” indica tempo passado, ele é impessoal.

    • Exemplos:
      • Faz dez anos que me formei.
      • Faz muito calor hoje. (Indicando a situação climática)
  4. Verbo “Ser” (indicando tempo, distância ou fenômenos naturais): O verbo “ser” pode ser impessoal em algumas situações específicas, como:

    • Tempo: É uma hora da tarde.
    • Distância: É longe daqui.
    • Fenômenos Naturais (raramente): É noite.

O Impacto na Concordância: O Ponto Crucial

A identificação da impessoalidade de um verbo é fundamental para a concordância verbal correta. A regra é clara:

  • Com verbos impessoais, o verbo SEMPRE permanece na terceira pessoa do singular, independentemente do que venha depois.

Isso significa que, mesmo que a expressão que acompanhe o verbo impessoal esteja no plural, o verbo não se altera.

  • Exemplo: Havia muitas pessoas na festa. (O correto é “Havia”, e não “Haviam”, mesmo com “muitas pessoas” no plural.)

Conclusão: Domine a Arte da Discriminação

Distinguir verbos pessoais de impessoais requer atenção e prática. Ao compreender os contextos em que a impessoalidade se manifesta, especialmente com os verbos “haver” e “fazer”, você estará mais preparado para evitar erros de concordância e construir frases gramaticalmente corretas e elegantes. Lembre-se: a chave está na identificação da ausência de um sujeito específico. Com essa ferramenta em mãos, você poderá navegar com confiança pelas águas da gramática portuguesa. Invista no seu conhecimento e observe o poder da sua comunicação se expandir!