É correto falar no gerúndio?
O gerúndio (-ndo) é válido e útil para descrever ações contínuas ou simultâneas a outras. Seu mau uso, o gerundismo, decorre do emprego inadequado. Para evitá-lo, prefira frases concisas e utilize o gerúndio apenas quando expressar ação em progresso concomitante a outra ação. A simplicidade é a chave.
O Gerúndio: Vilão ou Herói da Língua Portuguesa?
O gerúndio, essa terminação em “-ndo” que acompanha nossos verbos, é alvo de frequentes debates e polêmicas. Muitos o condenam ao ostracismo, rotulando-o como vilão do “gerundismo”, enquanto outros o defendem como ferramenta válida e até elegante da língua portuguesa. A verdade, como frequentemente acontece, reside num meio termo: o gerúndio não é inerentemente ruim; o problema reside no seu mau uso.
A principal função do gerúndio é descrever uma ação contínua ou simultânea a outra. Imagine a cena: “O pássaro voava, cantando alegremente.” Nesse caso, o gerúndio “cantando” descreve uma ação que ocorre ao mesmo tempo que a ação principal, “voava”. A beleza e a clareza da frase residem precisamente na precisão dessa simultaneidade. Ele funciona como um adjunto adverbial de modo, enriquecendo a descrição da ação principal.
No entanto, o abuso do gerúndio, o famigerado “gerundismo”, leva a construções desnecessariamente longas e ambíguas, obscurecendo a mensagem em vez de enriquecê-la. Exemplos clássicos incluem frases como: “A empresa está precisando de novos funcionários” ou “O projeto está sendo desenvolvido”. Nesses casos, o gerúndio adiciona um peso desnecessário, podendo ser substituído por expressões mais concisas e diretas: “A empresa precisa de novos funcionários” e “O projeto está em desenvolvimento”.
A chave para o uso correto do gerúndio está na sua necessidade e na clareza da mensagem. Perguntas como: “Essa ação está acontecendo simultaneamente a outra?” e “A frase fica mais clara e concisa com o gerúndio?” devem ser respondidas afirmativamente para justificar o seu uso.
Além da simultaneidade, o gerúndio também pode expressar posterioridade, mas com maior cuidado. Frases como “Terminou o jogo, saindo todos do estádio” são aceitáveis, pois a ação de sair é consequência direta do término do jogo. Porém, o uso desse tipo de construção deve ser avaliado com atenção para evitar ambiguidades e preferir construções mais diretas quando possível.
Em resumo, o gerúndio não é um inimigo a ser banido, mas uma ferramenta que exige cuidado e bom senso na sua aplicação. A simplicidade e a clareza devem ser os guias para o seu uso. Se a frase ficar melhor sem ele, melhor dispensá-lo. A elegância na escrita reside na concisão e na precisão, e o gerúndio, quando usado corretamente, pode contribuir para isso. O problema não é o gerúndio em si, mas sim o seu uso indiscriminado e desnecessário, que leva ao gerundismo tão criticado.
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