O que é barbarismo e estrangeirismo?

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Barbarismo é o uso incorreto de palavras ou expressões, contrariando as regras gramaticais ou o uso consagrado da língua. Já estrangeirismo é a incorporação de palavras ou expressões de outras línguas, sem tradução ou adaptação adequada ao português. Ambos podem comprometer a clareza e a elegância textual, dependendo do contexto e do uso.

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Barbarismos e Estrangeirismos: Amigos ou Inimigos da Língua Portuguesa?

A língua portuguesa, como qualquer idioma vivo, está em constante transformação, absorvendo influências e se adaptando às novas realidades. Nesse processo dinâmico, dois fenômenos linguísticos se destacam, muitas vezes causando confusão: o barbarismo e o estrangeirismo. Embora ambos lidem com desvios da norma padrão, suas naturezas e implicações são distintas. Entender essa diferença é crucial para um uso consciente e eficaz da língua.

O barbarismo representa um tropeço dentro da própria língua. Ele se configura como um desvio da norma culta, podendo manifestar-se de diversas formas:

  • Pronúncia inadequada: como “rúbrica” em vez de “rubrica”, ou “gratuíto” em vez de “gratuito”.
  • Grafia incorreta: “previlégio” no lugar de “privilégio”, ou “excessão” em vez de “exceção”.
  • Morfologia incorreta: “seje” por “seja”, ou “haverão” por “haverá”.
  • Neologismos semânticos equivocados: utilizar “tráfego” para se referir a um grande volume de informações, quando o termo correto seria “fluxo”.
  • Criações vocabulares desnecessárias: inventar palavras quando já existem termos adequados na língua.

O barbarismo, portanto, não envolve a incorporação de elementos externos, mas sim o mau uso dos recursos internos da língua. Ele compromete a clareza da comunicação e pode ser percebido como falta de domínio do idioma.

Já o estrangeirismo, como o nome sugere, implica a adoção de palavras ou expressões provenientes de outros idiomas. Ele pode ocorrer de duas maneiras:

  • Estrangeirismo não adaptado: palavras estrangeiras utilizadas em sua forma original, como “delivery”, “feedback” ou “design”.
  • Estrangeirismo adaptado: palavras estrangeiras que sofreram adaptações fonéticas ou gráficas para se integrarem à língua portuguesa, como “futebol” (do inglês “football”) ou “abajur” (do francês “abat-jour”).

A incorporação de estrangeirismos é um processo natural e recorrente na história das línguas. Muitas vezes, eles preenchem lacunas lexicais, nomeando novos conceitos ou objetos. No entanto, o uso excessivo ou inadequado de estrangeirismos pode prejudicar a comunicação, especialmente quando existem termos equivalentes em português. Além disso, pode contribuir para um sentimento de “colonização linguística”, reforçando a ideia de inferioridade do idioma local.

A questão central, tanto para barbarismos quanto para estrangeirismos, reside no equilíbrio e no bom senso. Evitar barbarismos é fundamental para a clareza e a correção da comunicação. Quanto aos estrangeirismos, é preciso avaliar a sua real necessidade e optar, sempre que possível, por termos equivalentes em português, contribuindo para a preservação e o enriquecimento do nosso idioma. A língua é um organismo vivo e em constante transformação, mas cabe a nós, falantes, zelar pela sua integridade e beleza, utilizando-a com consciência e respeito.