O que é considerado um vício de linguagem?

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Vício de linguagem é o uso inadequado de palavras ou frases, como clichês desprovidos de originalidade. Esses erros prejudicam a clareza e a expressividade do texto.

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Além do Clichê: Desvendando os Vícios de Linguagem

A busca pela clareza e elegância na escrita e na fala muitas vezes se confronta com os chamados vícios de linguagem. Mais do que simples erros gramaticais, eles representam o uso inadequado de palavras ou expressões que, em vez de enriquecer a comunicação, a empobrecem, tornando-a previsível, repetitiva e pouco expressiva. Mas o que, exatamente, configura um vício de linguagem? E como podemos identificá-los e evitá-los?

A definição mais comum, embora um tanto generalista, aponta para o uso inadequado de recursos linguísticos que comprometem a eficácia da comunicação. Não se trata apenas de erros ortográficos ou gramaticais, mas de escolhas lexicais e sintáticas que, por repetição excessiva ou inadequação ao contexto, tornam a mensagem imprecisa, cansativa ou até mesmo ambígua. Ao contrário do que muitos pensam, os vícios de linguagem não são exclusivamente marcas de oralidade informal; eles podem, sim, infiltrar-se em textos escritos, inclusive aqueles considerados formais.

A chave para entender a natureza dos vícios de linguagem reside em sua capacidade de tornar a linguagem redundante e pouco criativa. Eles se manifestam de diversas formas, e sua identificação exige um olhar atento ao contexto e à intenção comunicativa. Enquanto um clichê, como “chover canivete”, pode ser aceitável em contextos informais e para criar um efeito cômico, sua utilização repetitiva e descontextualizada se torna um vício, pois perde o seu impacto original.

Para além dos clichês, existem outras categorias de vícios de linguagem, cada uma com suas peculiaridades:

  • Pleonasmos viciosos: repetições desnecessárias que não adicionam significado à frase, como “subir para cima” ou “descer para baixo”. Diferentemente do pleonasmo literário, usado para enfatizar ou criar efeitos estilísticos, o vicioso é pura redundância.

  • Barbarismos: utilização de palavras ou expressões incorretas, seja por erro de grafia, pronúncia ou emprego inadequado de termos estrangeiros.

  • Solecismos: erros de sintaxe, ou seja, na construção da frase, comprometendo sua estrutura gramatical.

  • Cacofonia: combinação de sons que resultam em um som desagradável ou que prejudica a fluidez da frase.

  • Ambiguidade: construção frasal que permite mais de uma interpretação, gerando confusão na mensagem.

  • Arcaísmos: uso de palavras ou expressões antigas, em desuso na linguagem contemporânea, que podem gerar incompreensão.

  • Eco: repetição de sons ou palavras no final de frases sucessivas, criando um efeito indesejado.

Superar os vícios de linguagem requer prática e atenção à leitura e à escrita. Ler autores consagrados, buscando observar a precisão e a elegância de suas construções frasais, é um exercício valioso. Da mesma forma, a revisão criteriosa dos próprios textos, buscando identificar e substituir expressões desgastadas por alternativas mais originais e precisas, contribui significativamente para o aprimoramento da escrita. A chave está em cultivar uma linguagem consciente, buscando sempre a clareza, a concisão e a expressividade, evitando a repetição e a preguiça vocabular. Afinal, a riqueza da língua reside em sua capacidade de se reinventar e comunicar com precisão e originalidade.