O que é hiato vício de linguagem?

O Hiato como Vício de Linguagem: Uma Questão de Sonaridade e Estética

O hiato, em sua definição gramatical pura, é simplesmente a sequência de duas vogais em sílabas diferentes. Porém, em determinadas situações, essa sequência vocal pode ser considerada um vício de linguagem, também chamado de cacófato. A classificação como “vício”, no entanto, é controversa e depende muito da percepção do ouvinte e do contexto em que o hiato aparece.

Ao contrário de outros vícios, como a barbarismo ou solecismo, que violam regras gramaticais explícitas, a classificação do hiato como vício se baseia na sonoridade. A sucessão de vogais pode gerar um efeito desagradável ao ouvido, criando uma sensação de “ruído” ou “estranhamento” na fluência da frase. Essa percepção, contudo, é extremamente subjetiva. O que soa desagradável para um indivíduo pode passar completamente despercebido por outro.

A chave para entender o hiato como potencial vício reside na proximidade e semelhança das vogais. A repetição imediata de vogais idênticas (ex: “a aula”) ou de vogais com sons muito parecidos (ex: “água e óleo”) é onde o risco de criar um efeito dissonante é maior. Já a sequência de vogais diferentes e com sonoridades contrastantes (ex: “país europeu”) geralmente não causa problemas de fluência ou sonoridade.

É importante destacar que a contextualização é crucial. Uma frase como “a área foi limpa” pode soar perfeitamente natural. Porém, em uma poesia ou texto publicitário, onde a sonoridade é mais trabalhada, esse mesmo hiato pode ser percebido como um obstáculo à elegância estilística. O escritor, nesse caso, buscará alternativas lexicais para evitar o efeito considerado desagradável.

Hiato x Cacófato: Embora frequentemente usados como sinônimos, hiato e cacófato são conceitos distintos. O hiato é a sequência de vogais, enquanto o cacófato é o som desagradável resultante de uma combinação de palavras. O hiato pode causar um cacófato, mas nem todo hiato resulta em um som ruim. Um cacófato pode, inclusive, surgir de outras combinações fonéticas além do hiato.

Concluindo, o hiato como vício de linguagem é uma questão de percepção e contexto. Não existe uma regra definitiva que determine quando uma sequência de vogais é aceitável ou não. A busca por clareza e harmonia sonora, no entanto, guia a escolha lexical em contextos formais, levando os autores a optarem por alternativas que evitem a potencial dissonância criada por um hiato considerado desagradável. A sensibilidade fonética e a prática da escrita aprimoram a capacidade de reconhecer e evitar esses casos.